CEstA Dupla com Orlando Calheiros e Daniel Pierri

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Docente responsável pelo evento
Centro de Estudos Ameríndios
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Descrição

O Centro de Estudos Ameríndios convida para o evento:

CEstA Dupla com Orlando Calheiros e Daniel Pierri



Orlando Calheiros (Doutor pelo PPGAS/MN/UFRJ)

Sobre a emergência de um mundo sem outrem (um estudo sobre a escatologia Aikewara)


Qual seria a relação entre o suposto suicídio de um jovem aikewara, ocorrido há quase uma década, e a recente extinção dos queixadas na Terra Indígena Sororó? Tratar-se-iam, segundo os cantores Aikewara, dos sinais inequívocos de que o fim dos mundos – no plural, propriamente – se aproxima, de que, no futuro próximo, tão somente poderá existir um único, o da cidade, mais exatamente, o mundo inscrito pelo feitiço do Diabo; habitados por espectros (mortos-em-vida) condenados à eterna repetição de suas atividades. Esta apresentação tem, como objetivo, uma rápida descrição sobre a maneira como a mito-filosofia aikewara dá sentido ao acontecimento, sobre como procura resistir a ele – ainda que o julgue, no limite, inevitável.

Daniel Pierri (Mestre pelo PPGAS/USP)

Como acabará essa terra? Reflexões sobre a cataclismologia Guarani-Mbya


Abordarei reflexões de pessoas guarani-mbya a respeito das possibilidades de destruição do mundo, demonstrando tratarem-se de elaborações cosmológicas com forte marca pessoal, sem possibilidade de consensos e, dessa forma, fruto de intenso debate entre os índios. A comparação se estende às versões Apapokuva sobre o cataclisma, abordadas por Curt Unkel Nimuendajú, que apontava as "Lendas da Criação e da Destruição do Mundo" como principal motor da cosmologia guarani. A partir disso, à luz dos discursos mbya, discutem-se algumas das principais formulações de Nimuendajú que influenciaram a literatura, para defender a indissociabilidade entre elaborações cosmológicas e a experiência concreta nas aldeias guarani, marcadas por um contexto de destruição dos recursos naturais da Mata Atlântica, de multiplicação de obras de infraestrutura que as impactam e de expropriação territorial. Para tanto, é fundamental refletir sobre o papel dos sonhos como forma de comunicação direta com as divindades e fonte privilegiada de profecias distópicas.

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