Entre 2015 e 2018, quatro colóquios internacionais denominados “Queering luso-afro-brazilian studies", ocorridos na França, Suécia e Reino Unido, propuseram uma revisão radical dos cânones da Língua Portuguesa com leituras inéditas ou revisões de manifestações culturais canônicas (des) orientadas pela Teoria Queer. O termo “queer", como se sabe, oriundo da Língua Inglesa, foi incorporado ao vocabulário acadêmico das diversas línguas ocidentais na medida em que a teoria queer se disseminou pela Europa e pela América Latina. Com efeito, contrariamente à identidade gay, “a identidade queer não precisa de se basear numa verdade, qualquer que seja, ou numa realidade estável. Como o indica a própria palavra, queer não designa nenhuma espécie natural, nem remete para nenhum objeto determinado; adquire o seu sentido na sua relação com a norma. Queer designa assim tudo o que não condiz com o normal, o dominante, o legítimo. […] portanto, o queer não delimita uma positividade, mas uma posição em relação ao normativo " (HALPERIN, 2000, p. 75). “Queerizar" é verbo, portanto, ação, de relativizar olhares pré-estabelecidos sobre objetos por coloca-los em deriva, desestabilizando-os dos lugares que confortavelmente ocupam na cultura. A organização do V Colóquio na Universidade de São Paulo assim, pretende promover uma discussão de alto nível entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros acerca da construção de canônica e sua possível e necessária queerização.
