Na conjuntura brasileira, tornou-se inevitável discutir a pauta da segurança pública e da administração da justiça, as dinâmicas ilegais e o papel do Estado e de suas políticas no crescimento da violência, no fortalecimento de facções criminosas, no encarceramento em massa, na política de drogas e na atuação das instituições de controle. Três livros publicados em 2018 oferecem um diagnóstico do quanto medidas mais austeras, repressivas e fundamentadas na lógica da "guerra" intensificam ainda mais a violência, sobretudo a promovida pelo Estado. O livro "A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil", de Bruno Paes Manso e Camila Dias, traça de maneira detalhada a ascensão do Primeiro Comando da Capital (PCC), que do interior das prisões se expandiu para as periferias, com seus códigos de conduta, "proceder" e poder. O surgimento e consolidação do PCC e suas atividades criminais trouxeram novos desafios também para os gestores estatais. Esse é o diagnóstico trazido no livro de Giane Silvestre "Controle do crime e seus operadores: política e segurança pública em São Paulo". A política de drogas é igualmente central para compreender as ações do Estado e suas políticas repressivas. O livro de Maria Gorete M. de Jesus "A verdade jurídica nos processos de tráfico de drogas" contribui no sentido de descrever como a narrativa policial, num contexto de segurança pública militarizada e de guerra às drogas, torna-se a chave para o aprisionamento sistemático de pessoas pelo sistema de justiça criminal. Os três livros estão conectados em seus resultados e o debate com xs autorxs traz importantes questionamentos sobre os acontecimentos atuais.
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