Mesa Redonda - Autoetnografia e Pesquisa em Letras

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jmilton@usp.br
Docente responsável pelo evento
John Milton
Local do evento
Edifício Prof. Antonio Candido (Letras) - Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Sala 204
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Sem inscrição prévia
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Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Não
Descrição

Evento Presencial

Autoetnografia e Pesquisa em Letras

Mesa Redonda, Sala 204 , Prédio de Letras, FFLCH - USP,
6a feira, 23 de agosto, 10h - 12h

Por uma ciência outra: autoetnografia e reflexões em primeira pessoa.
Fernando Pardo

Doutorado em Letras pelo Programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, na Universidade de São Paulo (2018), com período sanduíche na York University, em Toronto - Canadá (2017); Especialização em recursos para o ensino de inglês - Universidade Presbiteriana Mackenzie (2010), Bacharelado em Letras/Tradutor e Licenciatura Plena em Inglês/Português - Universidade Presbiteriana Mackenzie (2001). Membro dos grupos de pesquisa (diretório CNPq) "Projeto Nacional de Letramentos: Linguagem, Cultura e Tecnologia" (USP) e "Tradução & multidisciplinaridade: da torre de Babel à sociedade tecnológica" (UEM). Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico e do Curso de Licenciatura em Letras no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus São Paulo - Pirituba.

A ciência, por meio de uma perspectiva positivista, é normalmente entendida como tudo aquilo que é verificável, testável e generalizável, portanto, leis observáveis e reprodutíveis. No entanto, diferentemente das ciências duras, na área de Letras não é possível sistematizar leis universais e metodologias aplicáveis e reprodutíveis em qualquer contexto. Assim, a abordagem autoetnográfica (ELLIS; BOCHNER, 2000; ELLIS; ADAMS; BOCHNER, 2011) possui um viés decolonial, pois coloca em evidência os seres/saberes locais/localizados, ou seja, a neutralidade e o apagamento dão lugar à visibilidade do pesquisador. Desta forma, essa abordagem desafia a pesquisa de base positivista por meio da construção do conhecimento corporificado, uma vez que coloca outros corpos em evidência, sejam mulheres, negros, indígenas, transgêneros etc. Dentre as rupturas epistemológicas, destaco, por um lado, o reconhecimento da impossibilidade da neutralidade, da objetividade e da impessoalidade na pesquisa e, por outro lado, a noção de que a construção do conhecimento pode acomodar a subjetividade, já que diferentes corpos podem habitar a figura do pesquisador por meio de pesquisas feministas, queer, antirracistas etc. Defendo, ao lado de Cristóvão (2018), que a autoetnografia traz para o seio do discurso acadêmico “o narrar de histórias outras, um espaço de presença das vozes do Sul, do subalterno que fala, de quem antes não dizia” (p. 268). Concluo que o processo de legitimização da autoetnografia enfrenta resistência, de modo que sua aceitação dentro das universidades e centros de pesquisa ainda está em construção.

O que a autoetnografia me deu a ver na pesquisa em educação.

Claudia Viegas

Professora de francês da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP, mestre em Letras e doutora em Educação, pesquisadora da Escola Básica, mulher, mãe, mineira e contadora de causos.

Do gosto pela contação de causos à escolha metodológica na produção do objeto tese, compartilho nesta apresentação meu encontro com a autoetnografia (ELLIS, 2004, HOLMAN, JONES, 2005; JONES, ADAMS E ELLIS, 2013). Espreitei. Interroguei- me. Suspeitei (RIBEIRO, 2014). A autoetnografia me acompanhou na desafiadora tarefa de conciliar a vida profissional e acadêmica e me possibilitou lançar episódios recortados do cotidiano de professora-pesquisadora de francês da escola básica à condição de método de pesquisa.

Narjara Ferreira Mitsuoka
Doutoranda em Estudos da Tradução pelo programa de pós-graduação do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo. Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pelo programa de pós-graduação do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (2012). Bacharel em Letras – tradutor / intérprete inglês-português pelo Centro Universitário Unibero (2008). Professora de ensino superior da Faculdade de Tecnologia de Cotia pelo Centro Paula Souza.

A abordagem da autoetnografia nos estudos tradução traz à tona a relação entre pesquisadores e a experiência cultural na qual estamos inseridos, propondo uma reflexão sobre seu papel nesse contexto sociocultural. Intencionalmente, busca-se estabelecer uma relação dialógica com pesquisas prévias, abrindo precedentes para críticas e, consequentemente, futuras pesquisas (JONES, S.H. et al., 2015). Assim como as práticas culturais e a própria sociedade se reorganizam e se transformam constantemente, o mesmo ocorre com a pesquisa acadêmica. A autoetnografia como método para compreender a vida, escrevendo sobre experiências difíceis é benéfica para o autor que pode fazer uso de sua escrita como forma de questionamento (JONES et al., 2010) e entender como viver melhor (ADAMS, 2012). A assertividade explícita e intencional com relação aos outros, seja por meio das percepções que temos sobre experiência de determinado grupo ou pelo testemunho de suas batalhas particulares, contribui para o desenvolvimento e o aprimoramento de nossa própria prática. Em suma, a autoetnografia coloca o ser humano no cerne da pesquisa acadêmica por meio da autorreflexão com base na análise da experiência cultural (JONES, S.H.; ADAMS, T.E.; ELLIS., C., 2016).