FFLCH concede diplomas a 15 estudantes mortos pela ditadura militar

A homenagem, que faz parte do Projeto Diplomação da Resistência contou com a participação de familiares, estudantes, docentes, funcionários e autoridades da Universidade

Por
Larissa Gomes
Data de Publicação
Editoria

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A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP diplomou nesta segunda-feira, 26 de agosto, 15 alunos mortos pela ditadura militar. O evento aconteceu no Edifício Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História) e é é uma colaboração entre a FFLCH, a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e outras instituições. 

Estavam presentes na cerimônia, o reitor e vice-reitora da USP, professores Carlos Gilberto Carlotti Junior e Maria Arminda do Nascimento Arruda, o pró-reitor de graduação, professor Aluísio Augusto Cotrim Segurado, a pró-reitora de inclusão e pertencimento, professora Ana Lúcia Duarte Lanna, o diretor e vice-diretora da FFLCH, professores Paulo Martins e Ana Paula Torres Megiani, Yara Nazareth Souto dos Santos como representante dos familiares dos estudantes desaparecidos e membros do movimento estudantil, como a presidente da União Nacional do Estudantes (UNE), Manuella Mirella, a presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEESP), Bianca Borges dos Santos, e Dany Oliveira como representante do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE).

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Com o objetivo de homenagear as vítimas da ditadura militar brasileira, a cerimônia teve início com falas de Paulo Martins: “Com muita emoção no coração faço parte deste dia, que é um dia de reparação, não irei dizer que é um dia de alegria, mas de reparação”, o diretor também complementou com relatos de sua época de estudante.

Dany Oliveira falou sobre a importância de Helenira Resende de Souza Nazareth, uma das estudantes vítimas do regime militar. Também pontuou sobre o impacto que a ditadura militar exerce até hoje nas violências sofridas por moradores da periferia, além da necessidade de que esses torturadores sejam punidos pelos crimes cometidos.

Bianca Borges dos Santos também citou a importância de se estabelecer um compromisso pela justiça e que cúmplices do regime militar, como o jurista Miguel Reale, não sejam mais homenageados. Miguel Reale foi um ideólogo da Ação Integralista Brasileira, movimento político de extrema-direita que até hoje nomeia uma das salas do Prédio da Faculdade de Direito (FD) da USP.

“Fico imaginando como foi para a tia Nira se fazer presente neste espaço há 50 anos atrás”, acrescentou Yara Nazareth, sobrinha de Helenira Resende. Yara conta que seu bisavô, que cursou medicina na UFBA em 1928, foi o pioneiro deste trajeto, possibilitando o ingresso de seis mulheres da família em universidades públicas. Além disso, também refletiu como foi para a tia estudar na USP sendo uma mulher negra: “Eu me questiono como foi para ela ser um corpo negro em um espaço que foi construído para que nós não estivéssemos aqui”. 

Durante o evento, marcado por memórias de resistência, Maria Arminda do Nascimento Arruda mencionou como era ser estudante naquele período de censura: “Era uma experiência de medo, em que os professores precisavam dar aulas de portas fechadas”. 

Foram entregues aos familiares e amigos das vítimas ao todo 15 diplomas honoríficos de graduação. Confira mais sobre os estudantes diplomados aqui https://www.fflch.usp.br/170573

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Diplomação da Resistência

Criado através de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG), outras instituições e a vereadora Luna Zarattini, o propósito do projeto é conceder diplomas honoríficos aos estudantes que foram mortos durante a ditadura militar brasileira. Com início em 15 de dezembro de 2023, o projeto contemplará ao todo 31 estudantes da USP.

Com informações do site da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento

Fotos: Astral Souto