O seminário está apoiado em recortes temáticos para apresentar trechos de textos variados do Egito Antigo, selecionados de acordo com a pertinência à discussão filosófica e o tempo proporcionado pelos encontros semanais. De modo geral, esses textos vinham sendo mantidos à sombra da Filosofia, relegados à classificação de ‘textos de sabedoria’ ou mesmo mera ‘literatura’, devido à idealização do ‘milagre grego’, o qual, até poucas décadas atrás, proibia que se discutisse outras
variantes filosóficas da Antiguidade, como a do Egito ou da Mesopotâmia (uma proibição contemporânea a nós e não aos antigos, diga-se). Será exposto então um breve mapa conceitual dessa Filosofia que, por muitas vezes, se expressa sem a figura do autor e ainda recebe influxos da oralidade e apresenta alta gama de intertextualidade ao longo de séculos. O foco será na bibliografia primária, isto é, no próprio texto antigo, garantindo assim que possamos discutir aquilo que o escrito nos lega e evitando que permaneçamos apenas na divulgação do que comentadores contemporâneos a nós pensaram a respeito deles. O intuito dessa escolha é contribuir para que se evite o aparecimento de leituras essencialistas, as quais resumem as tensões de quatro milênios em uma coletânea de ideias simplificadas, no estilo enciclopédico de almanaques ou dicionários filosóficos. Partiremos, então, do pressuposto de que, qualquer que seja a Filosofia Antiga tratada, ela requer sempre o uso da fonte textual primária, acompanhado do conhecimento de seu contexto histórico e língua original, caracterizando-se, portanto, em um estudo interdisciplinar por sua própria essência.
