A cidade e os campos: teorias da guerra no Sul e no Centro de Moçambique
Resumo: Entre políticas públicas autoritárias e políticas públicas francamente repressivas, populações rurais e urbanas foram objeto de desterritoralização forçada entre “mashambas” periurbanas e comunais, campos de reeducação e campos de prisioneiros políticos. Nosso propósito aqui é enfrentar a imensa desordem provocada entre o mundo de vivos e mortos, particularmente aquela que afetou as populações suburbanas de cidades como Maputo e Beira, ou núcleos urbanos como Inhambane, Maxixe ou Chimoio. A desordem provocada na prática do “desenrascar-se” (“viração”) e em formas de solidariedade que conectam mundos aparentemente partidos como o rural e o urbano são cruciais para compreendermos as teorias nativas em torno de guerras passadas e guerras que se anunciam na contemporaneidade moçambicana. É o trabalho etnográfico que nos permite penetrar em teorias da guerra construídas por aqueles que as viveram e que as temem, objeto desta apresentação.
Prof. Omar Ribeiro: Formado em História da Arte na Universidade de Barcelona e em Arte Dramática na Escola de Formação de Formação de Atores Nancy Tuñón, também na cidade de Barcelona, me profissionalizei antropólogo entre o PPGAS da USP (onde realizei minha pós-graduação sob a orientação de Paula Montero) e na área de Cultura e Poder do Cebrap. Entre 1997 e 2018, realizei distintos períodos de pesquisa de campo entre o Centro e o Sul de Moçambique e de arquivo no Arquivo Histórico de Moçambique e em diferentes arquivos portugueses, sul-africanos e portugueses Moçambique, para além de pesquisa de campo e de arquivo no Haiti, e de incursões de campo da Guiné-Bissau e em Uganda. Desde 2001 dou aula e oriento na Unicamp, entre as graduações de Ciências Sociais e História, e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e o Programa de Pós-Graduação em História.