A Academia Paulista de Letras e o Instituto Peck Pinheiro trazem a exposição literária “A presença feminina na literatura brasileira: um caminho difícil”. Esta exposição conta com o apoio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP) e da Vice-reitoria da USP.
A abertura será no dia 30 de maio, sexta, com um ciclo de debates coordenado pela acadêmica e professora Mary Del Priore, iniciando às 9h30.
A visitação é gratuita, de quinta a domingo, das 10h às 17h, até o dia 27 de junho.
O evento oferece ao público os livros, quase todos em primeiras edições, de escritoras brasileiras dos séculos XVIII ao XXI. São autoras que enfrentaram algum tipo de preconceito pré ou pós publicação, misoginia, rejeição da crítica, da sociedade ou editorial. Autoras que sentiram receio de mostrar sua arte, que rejeitaram seus primeiros livros por receio de recepção negativa. Autoras que assumiram causas sociais e políticas em defesa dos direitos das mulheres.
Serão apresentadas mais de 65 escritoras brasileiras e mais de 85 obras, entre elas:
- O primeiro romance escrito por um natural do Brasil, Aventuras de Diófanes, (1777) de Teresa Margarida da Silva e Orta, cujo reconhecimento só aconteceu em meados do século XX;
- O primeiro livro de poesias escrito por um natural do Rio Grande do Sul, Poesias oferecidas às senhoras Rio-grandenses (1838), da poeta cega Delfina Benigna da Cunha;
- O livro da primeira escritora feminista do Brasil, a professora Nísia Floresta Brasileira Augusta, com seu Itinerário de uma Viagem à Alemanha, publicado em Paris, em francês, em 1857, fato inédito para qualquer escritor brasileiro;
- Os poemas de Maria Firmina dos Reis, primeira escritora preta do Brasil, incluídas no Parnaso Maranhense (1861), do qual ela foi a única mulher a fazer parte;
- O único livro de poesias de Narcisa Amália, Nebulosas (1872), poeta que sofreu todo tipo de preconceito por conta de seus divórcios e morreu esquecida;
- Um dos dois exemplares conhecidos de Espectros (1919), de Cecília Meireles, escrito aos 16 anos e renegado pela autora. É considerado o livro mais raro da literatura brasileira do século XX;
- Os primeiros livros, também renegados, de duas grandes escritoras: Fogo fátuo (1925), de Henriqueta Lisboa, e Porão e Sobrado (1938), de Lygia Fagundes Telles, jamais reeditado;
- Os livros de grandes escritoras pretas do século XX: Horto (1910), de Auta de Souza, Água funda (1946), de Ruth Guimarães, e Quarto de despejo (1960) e Provérbios (1965), de Carolina Maria de Jesus.
Estarão também expostos os principais livros, em primeira edição, de grandes autoras como Júlia Lopes de Almeida, Maria Benedita Bormann (Délia), Francisca Júlia da Silva, Amélia Beviláqua, Albertina Bertha, Gilka Machado, Rachel de Queiroz, Carolina Nabuco, Adalgisa Nery, Julieta Bárbara, Patrícia Galvão (Pagu), Clarice Lispector, Maria José Dupré, Dinah Silveira de Queiroz, Hilda Hilst, Cora Coralina, Adélia Prado, Zélia Gattai, Ana Cristina César e Conceição Evaristo, entre diversas outras.
O Instituto Peck Pinheiro pertence à advogada Patricia Peck Pinheiro e ao administrador Romulo Pinheiro, reunindo uma das maiores coleções particulares de literatura brasileira, com cerca de 22 mil livros.