Desde a chamada transição democrática, sucessivos massacres e chacinas têm aterrorizado o campo, prisões e periferias urbanas, reordenando as formas de gestão estatal compreendidas como violência de Estado. Estas conformam políticas de desaparecimento e de extermínio que incidem seletivamente sobre determinados territórios e elegem recortes da população como alvos preferenciais, incorporadas e protagonizadas pelo aparato policial como modos de gestão diferencial e localizada da violência, conjugando excepcionalidade e legitimação por meio de normativas e repertórios burocrático-administrativos. Sob o consenso democrático em torno da segurança pública, são os movimentos de mães e familiares de vítimas que fazem frente ao aumento continuado de execuções sumárias, ora codificadas como mortes decorrentes de intervenção policial, e à multiplicação de modalidades de desaparecimento assimiladas às dinâmicas de policiamento.
Participantes: Rute Fiuza (Mães de Maio Nordeste)
Evandro Cruz Silva (UNICAMP/CEBRAP)
Leandro Fernandes Sampaio Santos (PPGS-USP)
Mediação: Ariel Machado (PPGH-USP)