O extraordinário progresso econômico e político alcançado por Florença a partir da segunda metade do século XIII foi devido especialmente à habilidade e ao empreendedorismo dos mercadores e artesãos da cidade. Agrupados solidamente em corporações de oficio – as chamadas Artes – esses homens substituíram gradativamente as antigas forças aristocráticas, não somente no plano econômico, mas também no político, permanecendo no governo da Comuna até o fim da República. Dotados de um considerável nível de instrução, para exercer suas atividades os mercadores necessitavam de uma grande quantidade de documentos: cartas, livros de contas e livros de registro, agora em língua vulgar e não mais em latim. Ao lado desses textos, de origem extraliterária e de aspecto utilitário, chegaram até nós livros de recordações, nos quais os diversos chefes de família, no curso de gerações, anotavam especialmente os acontecimentos de interesse familiar: nascimentos, batismos, casamentos, mortes, ligados aos mais importantes fatos financeiros. Devido a seu caráter peculiar, foram denominados Livros de Família. Eles nos fornecem um material de inestimável valor para a compreensão de fatos históricos e econômico-sociais, e em particular para o estudo da história da língua italiana, que nessa época começava a afirmar-se.
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