Partimos do pressuposto de que há um caráter político nas distintas formas de recepção das obras de arte, das imagens e fenômenos estéticos em geral, assim como retomamos pensadores que, em chaves distintas, diagnosticam uma inflação e uma aceleração na circulação de imagens no mundo contemporâneo. Tal inflação do campo imagético seria responsável por violentar e/ou neutralizar olhares e corpos, favorecendo uma sensibilidade e um imaginário dóceis ao estágio atual do capitalismo, bem como sujeitos de sentidos atrofiados e psiquismos regressivos. Assim sendo, a inflação e a aceleração na circulação de imagens seria, paradoxalmente, responsável por uma espécie de déficit estético e miséria simbólica de consequências dramáticas na organização do tecido social e da política. Este cenário seria o pano de fundo para as chamadas disputas narrativas contemporâneas, influindo igualmente na relação com o passado através de mecanismos de memória e esquecimento.
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