José de Souza Martins é contemplado com título de Pesquisador Emérito do CNPq

O título é concedido anualmente ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos 10 anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica

Por
Eliete Viana
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Editoria

professor Martins recebendo título CNPq
O professor José de Souza Martins (no meio) durante o recebimento do título de pesquisador emérito do CNPq - Foto: Roberto Hilario / CNPq 


No dia 15 de maio, quarta-feira, em cerimônia realizada na Escola Naval, no Rio de Janeiro, o professor emérito José de Souza Martins, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi agraciado com o título de Pesquisador Emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), edição 2019. O título foi concedido em reconhecimento a sua exemplar trajetória acadêmica e profissional, bem como a significativa contribuição para o desenvolvimento da ciência no País. Ao todo, 10 pesquisadores receberam a distinção. 

No mesmo evento, o CNPq entregou quatro Menções Honrosas de Agradecimentos a personalidades que atuaram em prol da ciência no ano de 2018, e, também, foi concedido o Prêmio Almirante Álvaro Alberto ao professor Vanderlei Salvador Bagnato, atual diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. Este prêmio leva o nome do fundador e primeiro presidente do Conselho, físico nuclear que se empenhou para que o país tivesse os meios e os recursos para desenvolver pesquisas nessa área.

Trajetória

Ao ser perguntado sobre os motivos de receber a homenagem, Martins destaca que o fato de ter altos índices de citação dos seus trabalhados na plataforma lattes, mantida pelo CNPq, deve ter servido de referência para sua indicação ao título de pesquisador emérito, pois este índice mede o impacto da ciência realizada. O título é oferecido como reconhecimento pelo conjunto da obra científico-tecnológica do pesquisador e pelo seu renome junto à comunidade científica.

“Dos 50 pesquisadores que receberam essa deferência, poucos são da área de ciências sociais, e raros os da de sociologia. Mesmo no conjunto das ciências, aqui no Brasil, é grande o desconhecimento em relação ao nosso campo científico. [O recebimento do título] pode ser um sinal positivo de que se amplia a compreensão da relevância da sociologia na comunidade científica”, frisou Martins ao comentar sobre o título, no início de fevereiro deste ano, antes das Humanidades e as áreas de Filosofia e de Sociologia serem consideradas menos importante pelo governo federal.

Sobre a obra de Martins, produzida ao longo de mais de 50 anos de dedicação às pesquisas, a professora do Departamento de Sociologia Fraya Frehse ressalta que “é uma sociologia preocupada em entender várias questões”. A docente organizou o livro A Sociologia Enraizada de José de Souza Martins, Editora Com-Arte, lançado no final de 2018, com o intuito de contribuir para a história das ciências sociais no Brasil, examinando criticamente as diferentes facetas da sociologia produzida pelo professor.

O professor Martins é graduado em Ciências Sociais (bacharelado e licenciatura) pela FFLCH USP, onde também obteve o mestrado e o doutorado em Sociologia. Foi professor-visitante da University of Florida e da Universidade de Lisboa, fellow de trinity hall e professor da Cátedra Simón Bolivar, da Universidade de Cambridge. Atuou como membro da junta de curadores do fundo voluntário da ONU contra as formas contemporâneas de escravidão, de 1998 a 2007.

Recebeu várias distinções durante sua carreira, como o título de professor emérito da FFLCH, professor Honoris Causa da: Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, São Paulo. E, desde junho de 2015, ocupa a cadeira nº 22 da Academia Paulista de Letras. Foi laureado com o Prêmio Jabuti três vezes, ganhou o Prêmio Florestan Fernandes e o da Sociedade Brasileira de Sociologia. É autor de 34 livros (coautor de outras 67 obras) e de 97 artigos. 

Atualmente, é integrante do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e continua em plena atividade, tanto na Universidade, quanto no debate público como colunista em veículos de comunicação e em entrevistas.
 

diploma Pesquisador Emérito CNPq
Os pesquisadores homenageados receberam, além do título e diploma, diárias para participação em congresso científico, no país ou exterior


Desde 2005 

Instituído em 2005, o título de Pesquisador Emérito é concedido anualmente ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos 10 anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica. 

Além de Martins, outros docentes da FFLCH receberam a distinção: 
2005: Maria Isaura Pereira de Queiroz e Antônio Cândido de Mello e Souza 
2010: Aziz Ab'Saber
2011: Gabriel Cohn 
2016: Maria Lígia Coelho Prado 
2017: José Arthur Giannotti
2018: Eunice Ribeiro Durham e Leyla Beatriz Perrone Moisés