Palestra: Pode o bem-estar social substituir os salários na África do Sul? Subsídios governamentais e formas de futuro em um assentamento rural

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Laura Moutinho
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Edifício de Filosofia e Ciências Sociais - Av. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
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Descrição

Palestra: Pode o bem-estar social substituir os salários na África do Sul? Subsídios governamentais e formas de futuro em um assentamento rural

BERNARD DUBBELD
Doutor pela University of Chicago e professor do Departamento de Sociologia e Antropologia Social da Stellenbosch University
África do Sul

No fim da década de 1990, o governo da África do Sul reorganizou o bem-estar social, oferecendo apoio a idosos, pessoas com deficiência e a crianças. Essa reorganização ampliou substancialmente o alcance de transferências monetárias e, com mais de 60 milhões de benefícios pagos, o Instituto sul-africano de Relações Raciais sugere que hoje mais pessoas recebem subsídios do que salário. Nesse paper, examino como os subsídios se tornaram parte da vida material e moral de um assentamento rural. Tomando a provocação de James Ferguson (2014), para quem pagamentos de renda básica poderiam “substituir o trabalho”, eu demonstro etnograficamente que subsídios parecer ter efeitos sociais diferentes daqueles do trabalho, especialmente em respeito às tensões de gênero e geracionais que parecem acompanhar esses pagamentos, sendo benefícios frequentemente compreendidos por homens como minando sua autoridade no lar. No entanto, se esses efeitos podem estabelecer as bases para um novo tipo de sociedade, eu sugiro que uma comparação adequada entre salários e benefícios deve levar a sério o futuro que trabalho assalariado prometeu, e em torno do qual, mesmo na África do Sul, muitos imaginaram a possibilidade de uma vida melhor. Ainda que entenda como correta a observação de Ferguson (2013) segundo a qual transferências de dinheiro possibilitam oportunidades políticas e animam reavaliações de dependência e independência, eu argumento que subsídios, até o momento, não estabeleceram um novo tipo de socialidade que seja capaz de transcender o trabalho assalariado. Ao contrário, no que se refere a benefícios serem úteis para o presente mas não serem uma forma de fazer um futuro, meus informantes apontam para transferências monetárias como momentaneamente substituindo o trabalho assalariado, e não, tomando definitivamente seu lugar.
[A atividade é aberta e parte do encerramento da disciplina FLA0373 – Tópicos de Antropologia das Populações Afro-brasileiras e Africanas, ministrada pela professora Laura Moutinho (DA/USP)].

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