Territórios e escalas geográficas no compartilhamento de recursos hídricos: o estudo da bacia transfronteiriça do Prata

Início do evento
Final do evento
E-mail
luis_paulo_silva@usp.br
Docente responsável pelo evento
Prof. Dr. Wagner Costa Ribeiro
Local do evento
Edifício Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História) - Av. Prof. Lineu Prestes, 338 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Sala de vídeo do departamento de Geografia
O evento será gratuito ou pago?
Evento gratuito
É necessário fazer inscrição?
Sem inscrição prévia
Haverá emissão de certificado?
Não
Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Não
Descrição

O compartilhamento de recursos hídricos entre Estados nacionais é um tema de grande relevância na pauta ambientalista e geopolítica da atualidade. É estimado que cerca de 40% da população mundial seja abastecida e 40% da superfície terrestre esteja situada em bacias hidrográficas compartilhadas por um ou mais países. No total, são 286 bacias hidrográficas que se encontram nesta situação, contendo porções do território de 151 países. Este é um tema que tem sido abordado e analisado em diversos campos do conhecimento, entre eles, as Relações Internacionais, o Direito Internacional e a Ecologia Política. No entanto, nesta palestra pretendemos desdobrar a análise desta problemática a partir de conceitos caros à Geografia Política: os conceitos de território e escala. A escolha destes dois conceitos está associada à sua importância nos debates sobre os diferentes modelos de governança dos recursos hídricos, assim como as formas de construir políticas de cooperação e/ou conflito entre Estados nacionais.

No caso do conceito de território, ele é empregado ao analisar ações para a gestão de recursos hídricos. A escolha de territórios de gestão, como cursos d’água, bacias hidrográficas ou a calha de rios está ligada com a capacidade de controlar os atributos do sistema hidrológico. Além disso, no caso de águas transfronteiriças, entra em jogo a possibilidade da perda, cessão ou compartilhamento da soberania sobre territórios e águas compartilhadas. Por outro lado, o conceito de escala mostra grande relevância nas discussões sobre a governança da natureza e dos seus recursos. A produção e a operacionalização de escalas para a governança de águas transfronteiriças passa pela identificação de processos ecológicos e sociais. O conceito de escala é bastante confundido com um de seus atributos, a extensão, ou seja, a área que ocupa um fenômeno sobre a superfície. Porém, este é apenas um atributo para a observação de uma escala geográfica, junto com o nível e as relações. No caso da governança de águas transfronteiriças, o último atributo tem grande relevância, pois, dada a extensão e o nível da escala construída, um conjunto distinto de atores sociais estarão se relacionando para governar as águas.

A análise destes dois conceitos ocorrerá por meio de casos em bacias hidrográficas transfronteiriças na América do Sul. No geral, esta região apresenta um cenário de abundância relativa no contexto de distribuição da água no globo. Mesmo assim, casos de disputas sobre alocação e qualidade da água, assim como iniciativas de cooperação para projetos de infraestrutura e de governança compartilhada criaram uma realidade de intensas interações políticas em torno das águas superficiais sul-americanas. Consideramos que, a partir da análise proposta por meio dos conceitos de territórios e escalas podemos contribuir com a evolução do conhecimento sobre a realidade da América do Sul, assim como identificar o papel da Geografia Política neste debate.

Imagem