Escritas do corpo feminino: caminhos para acolher e discutir o sofrimento psíquico
A discussão envolvendo traumas, adoecimentos, angústias, desequilíbrios, que se manifestam no psiquismo e, consequentemente, no corpo não é nova. Há tempos, a literatura tematiza diversas formas de adoecimento que atingem o feminino: ora reiterando a posição feminina como condição de fragilidade e, portanto, mais susceptível a tal adoecimento, ora questionando esse lugar e denunciando os estereótipos da loucura como patologia intrínseca ao feminino.
Muitas têm sido as possibilidades de focalização das infinitas formas de sofrimento psíquico no texto literário de autoria feminina. Convidamos seis autoras do universo de língua portuguesa para debater o papel da literatura no processo de adoecimento psíquico e também de resistência ao adoecimento.
No contrafluxo à falta, à dor, ao silenciamento, aos traumas e às assimetrias de poderes, cada vez mais se torna visível, na cena do debate público e da circulação das produções artístico-verbais, a agência do movimento em rede protagonizado por mulheres, em especial por mulheres negras, em suas pluralidades, que articulam variáveis de gênero, raça e classe, na esteira do proposto por Angela Davis e Sueli Carneiro. Elencamos tais pensadoras/es apenas como um ponto de partida para a discussão desse encontro.
Nosso objetivo é ampliar, tanto quanto possível, a discussão sobre como a escrita literária de autoria feminina vem promovendo reflexões sobre o adoecimento psíquico e suas complexidades na contemporaneidade.
