Livros de mãe e filha contam história de crimes impunes da ditadura

A partir de suas próprias vivências, duas autoras enfrentam em ricas experiências de linguagem o massacre da ditadura a indivíduos e florescentes possibilidades da sociedade brasileira

Por
Redação
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No dia 13 de maio, às 18 horas, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - (FFLCH) da USP promoverá um debate sobre os 60 anos do golpe militar de 1964. Em seguida, haverá sessão de autógrafos e lançamento dos livros Pela memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, presente! (Aretê Editora, 120 páginas), da professora Tessa Moura Lacerda, do Departamento de Filosofia da FFLCH, e A revolta das vísceras e outros textos (Aretê Editora, 260 páginas), da professora Mariluce Moura, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). 

Além das autoras, estarão presentes na mesa do debate a jornalista e militante Amelinha Teles, Cleiton Münchow (USP), Raquel Imanishi (UnB) e Renan Quinalha (Unifesp).

Os dois livros abordam, de pontos de vista intimamente próximos, uma mesma sequência de crimes da ditadura militar brasileira: o sequestro, a prisão, o assassinato sob tortura e a ocultação do cadáver do militante Gildo Macedo Lacerda, em 1973.

Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente! traz o terceiro elemento da história de amor de Mariluce e Gildo. Tessa Moura Lacerda era ainda um feto enquanto seus pais viviam o terror nas mãos da ditadura. Seu livro, prefaciado por Marilena Chauí, Professora Emérita da FFLCH, traz quatro ensaios escritos de forma fluida e pungente e escorados em obras de Bertolt Brecht, Sófocles e Jeanne Marie Gagnebin, entre outros. Os textos abordam temas como a necessidade da edificação de uma memória sobre alguém que não se conheceu, a subjetividade de uma criança marcada por uma trágica ausência e a monstruosidade da negação dos rituais fúnebres pela ditadura.

A revolta das vísceras e outros textos, da jornalista e pesquisadora baiana Mariluce Moura, radicada desde 1989 em São Paulo, traz como carro-chefe o romance que dá nome ao livro. Segundo colocado na categoria romance inédito no prêmio da editora José Olympio em 1981, narra com prosa moderna e envolvente a história da jovem militante Clara. Inspirado na própria experiência de Mariluce, viúva de Gildo, o livro foi publicado em 1982 pela editora Codecri. Esse raro relato romanceado de um ponto de vista feminino sobre a vida na ditadura foi objeto, na década passada, da pesquisa de doutorado de Cris Lira, pela Universidade da Georgia. A entrevista de Mariluce a Cris, que assina o prefácio, é um dos outros textos mencionados no título. O livro traz ainda reflexões da autora escritos durante sua prisão, antes e depois da morte do marido, além de artigos e entrevistas para diferentes veículos e apresentação do militante e ex-deputado federal Emiliano José.

Juntos, os livros compõem um mosaico impressionante de uma história pouco conhecida, entre tantas histórias pouco conhecidas de crimes cometidos pelo Estado brasileiro entre 1964 e 1985. Para que nunca se esqueça, para que não se repita!

O livro poderá ser adquirido na página do Instagram da Aretê Editora e Comunicação.

Com informações da Aretê Editora e Comunicação