Projeto ‘Conectando realidades’ aproxima jovens da rede pública e particular da literatura crítica

Criado em 2018, o projeto tem como objetivo desenvolver o senso crítico de estudantes do ensino básico a partir da leitura de obras de autores nacionais

Por
Lívia Lemos
Data de Publicação
Editoria

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Alunos do 9° ano do ensino fundamental das escolas EMEF Paulo Nogueira Filho, de São Paulo, e SESI Milton Sobrosa, de Mogi das Cruzes [Foto: Arquivo Pessoal/Pablo Fachin]

Em um mundo cada vez mais digital, alimentar e cultivar o hábito da leitura em adolescentes têm se tornado um desafio, sobretudo, nas salas de aulas. Esse desinteresse pela literatura pode ser sentido na graduação, com cada vez mais estudantes com dificuldades de relacionar a leitura à reflexão.

Foi diante dessa percepção que, em 2018, o professor Phablo Fachin, de Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, criou o projeto Conectando realidades, que estimula a literatura crítica nas escolas públicas e particulares para que os alunos do ensino básico possam desenvolver senso crítico e adquirir bagagem para o ensino superior.

O projeto busca uma aproximação entre a Universidade de São Paulo e essas escolas e consiste na leitura de livros, rodas de conversa, encontro com escritores e o principal: o contato entre alunos e professores do ensino básico com estudantes e docentes do ensino superior, promovendo uma conexão com diferentes pessoas de diferentes localidades.

O projeto começa com a escolha de uma obra e das escolas que irão participar, que é feita pelo professor Fachin em conjunto com os alunos de Letras, todos participantes do Programa Unificado de Bolsas, os quais ficam responsáveis por auxiliar no desenvolvimento do projeto. O trabalho nas escolas consiste em oficinas de leitura e discussão de textos sob responsabilidade dos próprios docentes e dos alunos de Letras, que possuem a missão de desenvolver atividades em conjunto, seja presencial ou online, para que haja troca de experiência de leitura. 

Ao final das atividades, a Universidade promove um encontro desses alunos e docentes com o escritor. Na oportunidade, o autor compartilha seu processo de criação autoral, preocupações, dificuldades e pesquisas relacionadas para a composição do texto. Nas edições de 2019 e 2021, o projeto contou com a participação dos escritores Milton Hatoum e Lázaro Ramos, respectivamente.

Sentimentos e inseguranças 

Neste ano, a obra escolhida foi O fazedor de velhos, do escritor Rodrigo Lacerda. Os alunos do 9° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Nogueira Filho, de São Paulo, e do Serviço Social da Indústria Milton Sobrosa, de Mogi das Cruzes, tiveram a oportunidade de mergulhar em uma obra que explora emoções e acontecimentos comuns e universais. Uma leitura, nas palavras de Fachin, “envolvente para os estudantes, que frequentemente conseguem se relacionar facilmente com o protagonista em diversas partes da narrativa".

O professor acrescenta que “o livro de Rodrigo Lacerda proporciona ainda mais abertura para os sentimentos, já que trata de inseguranças e incertezas acentuadas acerca da vida, algo tão típico na pré-adolescência e adolescência, idade dos alunos com o qual trabalhamos".

Nesta edição, o projeto contou com a participação das estudantes Estela Farias, Luana Maurmann, Sara Moitinho e Vitoria de Matos, todas do curso de Letras. A leitura do livro e as atividades da edição foram encerradas nesta terça-feira, 11 de junho. As quatro estudantes puderam trazer os alunos até a USP para realizar uma conversa descontraída com o autor.

 

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Da esquerda para a direita: o professor Phablo Fachin; a aluna Sara Moitinho; o autor Rodrigo Lacerda, as alunas Estela Farias, Vitória de Matos e Luana Maurmann [Foto: Arquivo Pessoal/Pablo Fachin]