Há décadas, a teoria crítica tem sido criticada por ter entrado em um processo de institucionalização, domesticação ou de exegese que não parece mais estar à altura das potencialidades do seu tempo. A insensibilidade à permanência do problema colonial e suas formas de violência no cenário contemporâneo; o silêncio em relação a massacres; a recusa em compreender como tarefa da crítica a decomposição da personalidade psíquica e seus processos naturalmente segregadores e violentos; a adesão a soluções normativas como único horizonte possível de mudança: são alguns dos tópicos que podem nos levar a perguntar quão efetivamente crítica é a teoria crítica atualmente. Dada a ascensão global do fascismo, o colapso ecológico e o agravamento da crise em modo geral de governo, espera-se da teoria crítica uma reconexão com seus impulsos mais profundos e o esclarecimento das relações orgânicas entre tais "regressões" e o funcionamento normal das democracias liberais. Há uma urgência na capacidade da teoria crítica de se desprovincianizar e articular-se ao sistema global de lutas tendo em vista a transformação radical do existente e de suas condições de produção. O colóquio propõe pensar, a partir dessas e outras questões, como a teoria crítica pode ser uma arma mais aguda contra o presente.
Organização: Bruno Belém, Bruno Carvalho, Carine Laser, Frederico Lyra, Giovanni Zanotti, Henrique Valle, Jean-Pierre Caron, Julia Pedigone, Marcus Vinicius Felizardo, Maria Eugênya Pacioni Gomes, Natalia Acurcio, Rodrigo Gonsalves, Vítor Beghini.
Coordenação: Vladimir Safatle (USP) e Luiz Philipe de Caux (UFRRJ)
Design: Sanannda Acácia
PROGRAMAÇÃO CORRIGIDA
11 de novembro (Segunda-feira)
Mesa 1.1
13h00: A teoria crítica diante das crises do presente (Auditório 14 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
Marcus Vinicius Felizardo (USP/ENS Paris): Imaginação e crise perene
Natália Acurcio (USP): O intenso agora – a dívida e o dever da filosofia diante do colonialismo e do genocídio na Palestina
Vladimir Safatle (USP): Crises finitas, guerras infinitas: a perda de objeto da teoria crítica diante da aceleração da decomposição social
Mesa 1.2
16h00: Retomar a primeira geração da Escola de Frankfurt? (Auditório 14 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
Bruno Carvalho (USP): Adorno, a crítica da atualidade e atualidade da crítica
Eduardo Neves Silva (UFMG): O lugar do sofrimento em Adorno
Fabian Freyenhagen (Essex): Normalidades doentias: em direção a uma teoria crítica da saúde mental
Felipe Catalani (UFF/UNICAMP): A normalidade de uma república berlinense – filosofia e paz social
Mesa 1.3
19h00: Teoria crítica, feminismo, psicanálise (Auditório 8 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
Carine Laser (USP): O retorno ao recalcado: sobre o recurso à psicanálise para uma teoria crítica
Juliana da Silva Henrique (USP): Repúdio ao feminino – considerações sobre o recalcamento da crise no sujeito e o sujeito na crise
Olgária Matos (USP/UNIFESP): O feminino e o mundo da total administração: a teoria crítica e os invencidos da história
Virginia Costa (USP): Primado do objeto – ou uma teoria crítica à brasileira
12 de novembro (terça-feira)
Mesa 2.1 (Sala 111 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
13h00: O déficit estético (Sala 111 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
Fábio Durão (UNICAMP) – Sobre o desgaste da teoria crítica – caracterização e manifestações nos estudos literários
Julia Pedigone (USP): Liberar-se do sonho sem traí-lo – a possibilidade do impossível no pensamento adorniano
María Verónica Galfione (Universidad Nacional de Cordoba): Por que a estética hoje ?
Vítor Beghini (USP): Teoria crítica, teoria estética – sobre o “envelhecimento” do pensamento estético adorniano
Mesa 2.2 – (Sala 111 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
16h00: Revisar os operadores da práxis
Felipe Taufer (UCS): O ocaso ideológico da contradição
Paulo Sampaio (USP): Por uma crítica impertinente: sobre o Nicht mitmachen adorniano
Ricardo Musse (USP): Teoria crítica e neoliberalismo
Mesa 3.2 – (Auditório 24 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
19h30: Depois de Habermas, le déluge ?
Giovanni Zanotti (Universidade de Coimbra): O Bad Godesberg filosófico de Jürgen Habermas
Larissa Agostinho (UNESP): Os equívocos de Habermas na “leitura” de uma certa filosofia francesa
Luiz Philipe de Caux (UFRRJ): A segunda geração
13 de novembro (quarta-feira)
Mesa 3.1 (Sala 107 – Prédio da Letras)
14h00 : Redimensionar a estrutura da crítica
Bruno Belém (USP): Gestão da crítica e o ponto de vista do capital
Daniel Pucciarelli (UEMG) : Teoria crítica, materialismo, especulação
J. -P. Caron (UFRJ) : Crítica e construção
Ray Brassier (America University of Beirut): The limits of critical pessimism
Mesa 3.2 – (Sala 107 – Prédio da Letras)
16h00: Destinos do marxismo na teoria crítica
Bruno Klein Serrano (UFLA): Adorno e a nova leitura de Marx
Gabriel Teles (USP): Karl Korsch e os primórdios da teoria crítica: pela reabilitação do marxismo crítico-revolucionário
Henrique Valle (USP): A renovação como retrocesso – sobre as contradições da ideia honnethiana de socialismo
Mesa 3.3 – (Auditório 24 – Prédio de Filosofia e Ciências Sociais)
19h30: Utopia e catástrofe
Silvio Carneiro (UFABC): Esgotamento das energias utópicas? A tarefa da teoria crítica para um horizonte de emancipação
Wanda Marques (USP): Capitalismo tardio – a ideologia pós-industrial e a ascensão do fascismo no século XXI
Wolfgang Leo Maar (UFSCAR): A reprodução ampliada da sociedade capitalista – dialética e negação
Organização
Bruno Belém, Bruno Carvalho, Carine Laser, Frederico Lyra, Giovanni Zanotti, Henrique Valle, Jean-Pierre Caron, Julia Pedigone, Marcus Vinicius Felizardo, Maria Eugênya Pacioni Gomes, Natalia Acurcio, Rodrigo Gonsalves, Vítor Beghini.
Coordenação
Vladimir Safatle (DF/FFLCH USP) e Luiz Philipe de Caux (UFRRJ)
Apoio
PPG-Fil/FFLCH-USP, CAPES-PROEX
Endereço
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 (Ed. de Filosofia e Ciências Sociais) e 403 (Ed. de Letras). Cidade Universitária, São Paulo - SP.