“Surrealismo” foi o nome escolhido por André Breton e Philippe Soupault em homenagem a Guillaume Apollinaire, a partir da contração da palavra ‘supernaturalismo’, retirada, por sua vez, da dedicatória de Nerval para seu romance Les Filles du Feu (1854). Se a ideia de “surrealismo”, como conceito, designa o horizonte sintético de um programa vanguardista, onde a realidade deve ser superada pelo gesto artístico (de onde se justificaria a aposta numa sur-realidade), menos evidente, contudo, é sua existência enquanto conflito. Pois se há um legado deixado por essa vanguarda que deteve por assim dizer o monopólio artístico durante duas décadas na então capital cultural do mundo, trata-se de sua inquietante presença, consubstanciada pelas leituras contraditórias que nela se cruzam. Relativamente indiferente aos imperativos da forma e às leis do gênero artístico, deliberadamente literária e excessivamente visual (“A imagem é uma criação pura do espírito” – Première Manifeste), “Surrealismo”, talvez, seja o nome apropriado para designar uma ambivalência absolutamente produtiva, que perdura e alimenta dilemas e delírios do próprio contemporâneo. Nesse sentido, o objetivo deste VI Seminário de Estética e Crítica de Arte da USP é render homenagem ao centenário do Movimento Surrealista apresentando suas múltiplas faces e tornando produtivas as distintas démarches que se disseminaram historicamente a partir do manifesto redigido por Breton em 1924. Simultaneamente onírico e militante, erótico e traumático, uma “implosão metonímica e uma explosão metafórica”, trata-se de explorar neste evento as vicissitudes geradas pelo Movimento como sequências e impasses, realizações e questionamentos, afirmações e dúvidas sobre a própria Modernidade, fator que lhe concede sua flagrante atualidade. Pois tal como se vê no célebre poema de Éluard (Liberdade, 1942), o desejo coletivo de conclamar a liberdade é capaz de disseminar-se em todos os tempos e searas, nas “veredas acordadas” e nos “refúgios destruídos”, nas “estações enlaçadas” e no “suor das tempestades”.
PROGRAMAÇÃO
Primeiro Dia 12/11 (Terça-feira)
Abertura das comunicações: “As artes incoerentes e suas nada incoerentes propostas”
Horário: 14h-15h30
Integrantes: Denis Molino (USP)
Conferência de abertura: Do surreal ao nosso caos
Horário: 16h-18h
Integrantes: Celso Favaretto (USP) + Luiz Camillo Osório (PUC-RJ)
Mesa 1: Surrealismo nos trópicos
Horário: 19h-21h
Integrantes: Rosa Gabriella (UFBA) + Ana Maria Hoffmann (Unifesp)
Segundo Dia 13/11 (Quarta-feira)
Comunicações orais/Mesas: [14h-15h30]
Mesa 1: Entre o erótico e o onírico
Horário: 16h-18h
Integrantes: Eliane Robert Moraes (USP) + Flávia Falleiros (Unesp)
Mesa 2: Moda impossível
Horário: 19h-21h
Integrantes: Tarcísio D’Almeida (UFMG) + Lilian Santiago (UNIFESP)
Terceiro Dia 14/11 (Quinta-feira)
Comunicações orais/Mesas: [14h-15h30]
Mesa 1: Montagem convulsiva
Horário: 16h-18h
Integrantes: Helouise Costa (MAC-USP) + Fernanda Almeida (USP)
Mesa 2: Surrealismo etnográfico
Horário: 19h-21h
Integrantes: Ruy Lewgoy Ludovice (USP)+ Pedro Hussak (UFRRJ)
Organização
Leonardo Rodrigues, Virgínia Aragones, Cauê Neves, Vera Alberich, Betty Mirocznik, Leonardo Silvério, Astrid Façanha, Guilherme Guerra, Letícia Botelho e Matheus Silveira
Coordenação
Ricardo Nascimento Fabbrini (DF/FFLCH-USP)
Realização
GEEC-USP
Apoio
PPG-Fil/FFLCH-USP, CAPES-PROEX
Local
Auditório 08
Endereço
Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - Edifício de Filosofia e Ciências Sociais. Cidade Universitária, São Paulo - SP