Semana de Geografia conscientiza alunos e professores da rede pública de ensino

Tema proposto ajudou alunos a refletirem sobre as questões ambientais dos lugares onde moram

Por
Astral Souto
Data de Publicação
Editoria

.
Vagner Luis Carneiro de Campos, estudante de Geografia na FFLCH, mediando a primeira palestra da Semana de Geografia / Foto por: Astral Souto 

A vigésima primeira Semana de Geografia, organizada pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, ocorreu do dia 21 ao dia 25 de outubro e teve como tema “Justiça climática não basta! Vamos repensar nosso mundo”. 
A Semana recebe anualmente alunos de diversas escolas públicas de São Paulo, com o intuito de aproximá-los, não só da Geografia, mas também do espaço universitário. Os alunos convidados têm acesso a palestras feitas por pesquisadores especialistas no tema. Além de serem incentivados a produzir suas próprias apresentações focadas no conteúdo proposto pela Semana.
As mudanças climáticas e os impactos ambientais foram os pontos centrais escolhidos neste ano. O assunto é um dos maiores debates da humanidade, segundo Glória da Anunciação Alves, professora do Departamento de Geografia da FFLCH e organizadora da Semana. Glória afirma que o mundo está em uma condição degradada pela exploração humana capitalista que acontece em prejuízo da natureza. A professora explica a necessidade de mobilizar posturas críticas para falar sobre as consequências das mudanças climáticas. Portanto, inserir diretamente a escola pública em articulação com a universidade, enriquece projetos, como a Semana da Geografia, que ajudam a conscientizar sobre esse problema que afeta a todos.
Maria Clara, estudante do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual de Ensino Médio Integral (E.E.E.M.I.) Prof. Nelson do Nascimento Monteiro, de São José dos Campos, foi participante do evento e contou um pouco sobre suas experiências com o tema: “Eu acho que a questão das mudanças climáticas é algo que temos que nos radicalizar contra e chegar realmente na raiz do problema. Foi o que nós abordamos na nossa apresentação sobre as indústrias e o capitalismo. Expor o tema é muito importante, porque às vezes nós vemos as mudanças climáticas como algo isolado, mas nós aprendemos que é muito importante focar nisso e conscientizar outras pessoas”.

.
Alunos apresentando seus projetos / Foto por: Astral Souto 

De acordo com a organização, a Semana de Geografia de 2024 foi uma das maiores edições da história do evento, com a participação de 50 alunos de graduação da USP, quase 300 professores de escolas públicas matriculados no curso de extensão "As mudanças climático-ambientais e o debate na escola", promovido pelo Departamento de Geografia, e 1152 alunos que se inscreveram. Todos os alunos inscritos tiveram a oportunidade de conhecer o campus do Butantã da USP, juntamente com seus professores. A Semana permitiu que eles conhecessem os museus, os institutos, as unidades e até fizessem uma refeição no restaurante universitário. 
Débora Elói, professora de história e geografia da Escola Estadual Prof. Walker Da Costa Barbosa, em São Bernardo do Campo, comentou sobre como seus alunos reagiram à visita ao espaço universitário da USP: “Eles estão encantados! Tem uma aluna minha que foi conhecer a área de Medicina Veterinária, que é a parte que ela mais se interessa. Então imagina o impacto que isso não tem na vida dessa aluna? Ao primeiro momento, isso pode parecer uma coisa tão simples, mas isso agrega muito. Principalmente para os alunos que estão em escolas periféricas. Alguns deles querem prestar vestibular para a USP, mas muitos nem conheciam a Universidade. Então, a Semana de Geografia desmistifica a universidade. Ela traz o olhar de que a universidade também é para os alunos de escola pública. Por isso a gente, como professor, se sente muito feliz por vocês abrirem a Semana todos os anos”.
Além do evento aproximar os alunos da universidade, ele também os aproxima das questões ambientais e sociais de seus próprios bairros. Os trabalhos feitos para a Semana deste ano, como dos outros, sempre traz em pauta o próprio espaço onde os alunos vivem e estudam. Os alunos conseguem valorizar e trazer suas próprias vivências para as apresentações. A Semana teve como tema as apresentações “Justiça Climática, repensando o mundo, de Itapecerica da Serra para a vida”, “É só cinza que nos cerca? Mapeando as áreas verdes do centro de São Paulo”, “Parque alagável sim: repensando o piscinão Sharp”, “Impactos ambientais e desenvolvimento sustentável na região da Estrada M'Boi Mirim”, entre outros.

.
Convidados assistindo as apresentações do evento / Foto por: Astral Souto 

Maria Clara também fala que, com sua apresentação, pode aprender coisas que não imaginava sobre o lugar que morava: “Aprendemos sobre a nossa própria cidade. Falamos sobre uma questão de São José dos Campos que estava acontecendo debaixo do meu nariz e eu não fazia ideia. Mas acho que nossa apresentação ficou muito boa, porque nós tentamos não causar desespero nas pessoas, mas sim conscientizar”.
Participaram da Semana: Valéria de Marcos, Glória da Anunciação Alves e Paula Cristiane Strina Juliasz, professoras do Departamento de Geografia da FFLCH, Maria Helena Souza Nascimento, professora da Secretaria de Educação do Estado do Pará, Waldirene Ribeiro do Carmo, técnica responsável pelo Laboratório de Ensino e Material Didático em Geografia, Vagner Luis Carneiro de Campos, estudante de Geografia na FFLCH, Natham Gabriel Franco, pesquisador da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), dentre outros pesquisadores convidados, alunos da USP e professores do sistema público de ensino.