CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO REVISTA VIA ATLÂNTICA DOSSIÊ 43: SEXO E SENSIBILIDADES ERÓTICAS NA LITERATURA LUSO-BRASILEIRA DE OITOCENTOS E DA BELLE ÉPOQUE

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viaatlantica@usp.br
Docente responsável pelo evento
Prof. doutor Mário César Lugarinho (editor-chefe); Prof. doutor Hélder Thiago Maia (pós-doc - editor do dossiê)
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CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO DOSSIÊ 43 DA REVISTA VIA ATLÂNTICA: SEXO E SENSIBILIDADES ERÓTICAS NA LITERATURA LUSO-BRASILEIRA DE OITOCENTOS E DA BELLE ÉPOQUE
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DOSSIÊ 43: SEXO E SENSIBILIDADES ERÓTICAS NA LITERATURA LUSO-BRASILEIRA DE OITOCENTOS E DA BELLE ÉPOQUE

Logo após a abolição da Real Mesa Censória, começaram a ser traduzidas para português várias obras libertinas francesas que já circulavam clandestinamente desde os finais do século XVIII. A chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro também vai favorecer o contato direto com essas obras, algumas das quais já publicadas ou traduzidas no Brasil, ou publicadas em Portugal por tradutores luso-brasileiros, como no caso de Saturnino, porteiro dos frades bentos. Com o decorrer dos anos, começa a surgir uma intensa produção de literatura licenciosa em Portugal, consumida in loco mas sobretudo no Brasil, um mercado de peso para editores e livreiros portugueses, sendo alguns autores, tal como Arsénio de Chatenay e Rabelais (Alfredo Gallis), verdadeiros sucessos de vendas no Brasil até a primeira década do século XX. Contudo, continuam também a ser exportadas as traduções de romances picantes franceses que roçam, na Belle Époque, o pornográfico, obras amplamente imitadas pelos autores portugueses nas várias séries licenciosas que surgem a partir de 1886, mas também pelos epígonos do naturalismo, tanto portugueses quanto brasileiros. Essas “leituras para homens”, como eram conhecidas, hão de circular até, pelo menos, os anos 1920, um Eros “Modern Style” que ganha visibilidade no Brasil com a multiplicação de revistas “alegres” às quais O Rio Nu abriu caminho.

Além disso, quer a literatura licenciosa da época quer a corrente naturalista, estão imbuídas de um moderno discurso sobre a sexologia, uma scientia sexualis vinda de fora, de França e de Alemanha essencialmente, mas que vem alimentar o imaginário erótico desses autores e desses publicações “alegres”. Sendo assim, não é de estranhar que os autores lusos e brasileiros comecem a encenar sexualidades dissidentes e parafilias nas suas obras, universos eróticos considerados como tétricos e patológicos: homossexualidade feminina, homossexualidade masculina, ninfomania, fetichismo, adicção sexual, frigidez, pedofilia, etc. Conquanto essas histórias e historietas picantes sejam meras fantasias para o leitor voyeur, no caso da homossexualidade, sobretudo masculina, o que é dado a ver e a ler deixa transparecer uma certa realidade. Com efeito, tanto no Brasil quanto em Portugal, já existiam comunidades homossexuais visíveis e essa literatura, marginal e marginalizada, tornava-se um “espetáculo do segredo”.

O objetivo do dossiê “Sexo e sensibilidades eróticas na literatura luso-brasileira de Oitocentos e da Belle Époque” é o de mapear essa produção, de dar a conhecer os seus autores, temas e de, sobretudo, fomentar o estudo de uma literatura marginal ainda por descobrir, tanto em Portugal quanto no Brasil.

A partir dessas considerações, o número 41 da revista Via Atlântica convida para a publicação de artigos e ensaios que possibilitem uma reflexão de caráter interdisciplinar sobre:

Literatura licenciosa em língua portuguesa do século XIX e da Belle Époque;
Revistas brejeiras e licenciosas;
Autores e obras do naturalismo erótico;
Dissidência sexual nas obras da época;
Obras e temas queer;
Scientia sexualis luso-brasileira e literatura coeva;
Erotismo e brejeirice na música coeva (samba, fado);
Teatro de revista e humor brejeiro;
Erotismo visual da época (estampas, fotografias, cinema pornô, etc.).
ORGANIZAÇÃO: Fernando Curopos (Université Sorbonne Nouvelle) e Helder Thiago Maia (Universidade de São Paulo).

PRAZO PARA ENVIO DE TRABALHOS: 30 de abril de 2022.

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