Doutorando da FFLCH e sobrinho de Jorge Amado lança livro sobre o autor

Essa obra não se trata de uma biografia propriamente dita, pois o autor se propõe a retratá-lo por uma perspectiva muito mais pessoal, não retratando em primeiro plano um Jorge Amado escritor, mas sim o tio Jorge, com o qual conviveu por mais de 40 anos

Por
Matheus Augusto Oliveira e Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria

 

livro Jorge Amado, meu tio
O sobrinho de Jorge Amado escreveu a obra em 2016, antes de entrar na USP, por encomenda de um editor português. Mas a demanda não deu certo e ele a publica agora com mais de 70 fotos inéditas e vídeo exclusivo de Jorge Amado no QRCode - Foto: Divulgação


O livro Jorge Amado, meu tio (Ibrasa), de autoria de Roberto Amado, está em lançamento. Nesse livro, Roberto, que atualmente é doutorando na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da (FFLCH) da USP, escreve sobre o grande escritor baiano, sob uma perspectiva diferente: a de sobrinho.

Essa obra não se trata de uma biografia propriamente dita, onde seriam tratados aspectos mais públicos da vida de Jorge Amado, como a sua militância política, filiação partidária ou proximidade literária com autores da China, onde viria a ser um autor estrangeiro amplamente traduzido e respeitado.

Seu sobrinho se propõe a retratá-lo por uma perspectiva muito mais pessoal, não retratando em primeiro plano um Jorge Amado escritor, mas sim o tio Jorge, com o qual conviveu por mais de 40 anos.

Roberto fora um espectador privilegiado, sempre com os olhos e principalmente ouvidos atentos, o sobrinho se ocupava de registrar os pormenores do cotidiano ao lado do tio, irmão de seu pai Joelson.

Essas vivências narradas por Roberto contam com diversos relatos de histórias que foram compartilhadas com ele pela boca de seu tio, ora divertidas, ora picantes, ora agridoces, ora reflexivas, ora confessionais, ora sentimentais, ora sociopolíticas, ora contestadoras.

Todos esses aspectos que permeiam o cotidiano de Jorge Amado, são perceptíveis em diversos de seus escritos, o que agrega ainda mais valor aos relatos que Roberto conta ao leitor no decorrer das mais de 300 páginas de seu livro.
 

dois livros de 30 de Jorge Amado
Dois exemplos de romances escritos por Jorge Amado que foram publicados na década de 30, respectivamente, em 1933 e 1935 - Foto: Divulgação


Mestrado

Essa não é a primeira vez que Roberto define aspectos literários que tocam a obra de Jorge Amado como objeto de seus estudos.

Em sua dissertação de mestrado, defendida no final de 2020, no programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, orientado pelo professor Thiago Mio Salla, na FFLCH-USP, os laços consanguíneos se tornaram também, laços acadêmicos, tendo o trabalho apresentado sob o título de: Jorge Amado e o romance de 1930: protagonismo de uma nova voz emergente (1931-1934)

A dissertação propõe uma reflexão sobre o alvorecer da obra de Jorge Amado, abordando como seus escritos irromperam uma nova proposta artístico-literária tendo em vista que, naquele momento da história do Brasil, os leitores se interessavam cada vez mais por uma literatura que dialogasse com questões político-sociais.

Essa é uma marca registrada da obra de Jorge Amado, que é amplamente conhecida por sempre levar em consideração o lado mais social e, consequentemente, mais humano do povo brasileiro no decorrer de suas narrativas.

Dessa forma, seguindo uma linha concomitante a diversos artigos de sua autoria e ao seu mestrado, Roberto, agora no doutorado, desenvolve sua tese focada no estudo dos romances de 1930, tendo a obra do tio a permear o seu horizonte de estudos, pois ele mesmo fora um grande expoente dessa época literária.

Para além de sobrinho de Jorge, Roberto é um grande admirador de suas obras e acaba por demonstrar isso por meio da sua trajetória acadêmica.
 

Roberto Amado
Foto: Arquivo Pessoal 


Roberto Amado é jornalista e escritor, atividades que exerce há mais de 40 anos. Ao longo desses anos, trabalhou na grande imprensa paulistana e publicou seis livros romances e reportagens. Foi representante brasileiro no International Writing Program, na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, premiado pelo Ministério da Cultura com projetos literários e finalista do prêmio Jabuti.

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