USP realiza seminário sobre as consequências da Ditadura Militar no Brasil

Debate com especialistas discutiu a importância de relembrar o que foi o Golpe e seus impactos na sociedade brasileira

Por
Larissa de Souza Gomes
Data de Publicação
Editoria

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Qual a importância de falarmos sobre os impactos da Ditadura na sociedade brasileira? Essa questão foi debatida no Seminário Internacional intitulado “O golpe de 64 e a Ditadura Militar”. O primeiro dia do evento se iniciou com um debate mediado pelo professor Horacio Gutiérrez, do Departamento de História da FFLCH, e contou com a presença dos palestrantes Daniel Aarão Reis, historiador e professor da Universidade Federal Fluminense, e Angélica Lovatto, cientista política e professora da Universidade Estadual Paulista.

O Seminário foi organizado pelo Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina (CEDHAL), com apoio do Programa de Pós-Graduação em História Econômica (PPGHE), da Associação Nacional de História (ANPUH-SP) e da Boitempo Editorial.

A mesa iniciou com a fala do historiador Daniel Aarão. Ele debateu sobre a participação dos civis no Golpe, o que, em sua opinião, está oculto quando nos referimos à Ditadura apenas como Ditadura Militar; segundo o historiador, o adequado seria denominá-la Ditadura Civil-Militar. Aarão também falou sobre a força social que o conservadorismo exerce no Brasil, que ficou evidente entre 2013 e 2018 e criticou o termo ‘Ditabranda’, usado comumente para se referir ao primeiro governo militar, de Castelo Branco. Segundo o historiador, esse termo favorece a falsificação da História, porque ao contrário do que sugere, foi um período marcado por cassação de mandatos, dissolução de partidos, censura e violência.

Em seguida, Angélica Lovatto falou sobre a importância de eventos que resgatam a reflexão sobre o Golpe Militar. A professora considera que, após quatro anos de governo Bolsonaro, o Brasil vem enfrentando um avanço da extrema direita.

A professora também criticou a posição do atual presidente Lula ao orientar que seus ministros não fizessem menção aos 60 anos do Golpe Militar. “Essa posição do presidente Lula nos envergonha em termos de memória, verdade, justiça e especialmente em reparação e mostra que nós ainda estamos muito longe daquilo que precisamos fazer”.