FFLCH lança podcast em parceria com a Folha de S. Paulo

Intérpretes do Brasil Contemporâneo terá episódios mensais abordando diferentes temas como Cultura, Política, Economia e Meio Ambiente

Por
Rafael Dourador
Data de Publicação
Editoria

Logo do podcast Intérpretes do Brasil Contemporâneo
Arte: Astral Souto/ Serviço de Comunicação Social FFLCH USP

O podcast Intérpretes do Brasil Contemporâneo é a nova produção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Coordenado por Júlio César Suzuki, docente do departamento de Geografia e entrevistador principal, o programa é fruto de um convênio entre a Faculdade e o jornal Folha de S. Paulo e recebe professores da Faculdade para fazerem análises sobre temas diversos.

Intérpretes do Brasil Contemporâneo é gravado mensalmente no estúdio Oswaldo Porchat da FFLCH. O podcast tem como proposta a reflexão sobre a contemporaneidade e os horizontes possíveis para o Brasil.

O projeto partiu da articulação de José Clóvis de Medeiros Lima, atual ouvidor da unidade, e Suzana Singer, editora da Folha, durante a gestão anterior da FFLCH. Contudo, hoje também conta com o apoio da diretoria vigente:  “Quero destacar a importância que tem para a Faculdade este podcast sobre o Brasil contemporâneo”, disse Adrián Fanjul, diretor da FFLCH, na apresentação da série.

Brasil na América Latina

O primeiro episódio teve como tema a relação do Brasil com os demais países latino-americanos. Júlio César entrevistou Lia Pinheiro Barbosa, docente da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e representante do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO). Também participaram o professor de História da FFLCH, Lincoln Secco, e a repórter Júlia Barbon.

Entre outros assuntos, Lia destacou a falta de identificação dos brasileiros com o povo latino-americano. Ela explicou as razões disso, potencializadas pela ligação do Brasil com Portugal, sua metrópole europeia. “Temos essa não-identidade ainda muito marcada no Brasil. A nossa formação sócio histórica tem um elemento pedagógico de nos educar para não nos sentirmos parte [da América Latina]”, afirma.

Lia ainda comentou sobre a luta do CLACSO contra a ausência de estudos latino-americanos na educação brasileira e as relações internacionais, especialmente da América Latina com os Estados Unidos, a partir da reeleição de Donald Trump.

“O sentido da escolha do episódio inicial se deu pela possibilidade de aprofundar reflexões com a professora Lia Pinheiro Barbosa, tanto nas várias dimensões em que o Brasil se situa no contexto latino-americano, quanto das perspectivas da produção agrícola, principalmente de orientação agroecológica”, explica o coordenador Júlio César.

Lia Pinheiro Barbosa, docente da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e representante do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO)
Lia Pinheiro Barbosa participou do IV Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina e II Congresso Internacional Pensamento e Pesquisa sobre a América Latina (Foto/Reprodução: Youtube)

 

70 anos de Os Parceiros do Rio Bonito de Antonio Candido

Publicado em 1964, o livro de Antonio Candido, professor emérito da Faculdade, completou sete décadas em 2024. O segundo episódio da série aproveita o gancho para explorar as características da obra e relembrar os feitos do autor, que também era sociólogo e crítico literário. Luiz Carlos Jackson, docente do departamento de Sociologia da Faculdade, foi o convidado da vez.

Após contar sobre a vida e formação de Antonio Candido, Jackson fez uma análise e reflexão da obra que trata sobre os processos de obtenção dos meios de vida de comunidades ruralizadas do interior paulista, popularmente conhecidas como “caipiras”, e a sua relação com o avanço capitalista.

Júlio César explica que o tema foi escolhido pela importância e influência da obra de Antonio Candido nas artes. “Os Parceiros do Rio Bonito para muito além de discutir a reprodução material e imaterial de um sujeito social tão comum na história nacional, o caipira, revelou instrumental teórico e metodológico para incursões contemporâneas sobre outros sujeitos, como os das sociedades tradicionais e camponesas da América Latina, razão pela qual a escolha sobre uma obra de mais de meio século se revela tão significativa para marcar Antonio Candido como um intérprete do Brasil Contemporâneo”, complementa.

Luiz Carlos Jackson, docente do departamento de Sociologia da Faculdade
Os Parceiros do Rio Bonito teve como origem a tese de doutorado em ciências sociais de Antonio Candido, produzida 10 anos antes do livro (Foto/Reprodução: Youtube)