Intérpretes do Brasil Contemporâneo terá episódios mensais abordando diferentes temas como Cultura, Política, Economia e Meio Ambiente
O podcast Intérpretes do Brasil Contemporâneo é a nova produção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Coordenado por Júlio César Suzuki, docente do departamento de Geografia e entrevistador principal, o programa é fruto de um convênio entre a Faculdade e o jornal Folha de S. Paulo e recebe professores da Faculdade para fazerem análises sobre temas diversos.
Intérpretes do Brasil Contemporâneo é gravado mensalmente no estúdio Oswaldo Porchat da FFLCH. O podcast tem como proposta a reflexão sobre a contemporaneidade e os horizontes possíveis para o Brasil.
O projeto partiu da articulação de José Clóvis de Medeiros Lima, atual ouvidor da unidade, e Suzana Singer, editora da Folha, durante a gestão anterior da FFLCH. Contudo, hoje também conta com o apoio da diretoria vigente: “Quero destacar a importância que tem para a Faculdade este podcast sobre o Brasil contemporâneo”, disse Adrián Fanjul, diretor da FFLCH, na apresentação da série.
O primeiro episódio teve como tema a relação do Brasil com os demais países latino-americanos. Júlio César entrevistou Lia Pinheiro Barbosa, docente da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e representante do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO). Também participaram o professor de História da FFLCH, Lincoln Secco, e a repórter Júlia Barbon.
Entre outros assuntos, Lia destacou a falta de identificação dos brasileiros com o povo latino-americano. Ela explicou as razões disso, potencializadas pela ligação do Brasil com Portugal, sua metrópole europeia. “Temos essa não-identidade ainda muito marcada no Brasil. A nossa formação sócio histórica tem um elemento pedagógico de nos educar para não nos sentirmos parte [da América Latina]”, afirma.
Lia ainda comentou sobre a luta do CLACSO contra a ausência de estudos latino-americanos na educação brasileira e as relações internacionais, especialmente da América Latina com os Estados Unidos, a partir da reeleição de Donald Trump.
“O sentido da escolha do episódio inicial se deu pela possibilidade de aprofundar reflexões com a professora Lia Pinheiro Barbosa, tanto nas várias dimensões em que o Brasil se situa no contexto latino-americano, quanto das perspectivas da produção agrícola, principalmente de orientação agroecológica”, explica o coordenador Júlio César.
70 anos de Os Parceiros do Rio Bonito de Antonio Candido
Publicado em 1964, o livro de Antonio Candido, professor emérito da Faculdade, completou sete décadas em 2024. O segundo episódio da série aproveita o gancho para explorar as características da obra e relembrar os feitos do autor, que também era sociólogo e crítico literário. Luiz Carlos Jackson, docente do departamento de Sociologia da Faculdade, foi o convidado da vez.
Após contar sobre a vida e formação de Antonio Candido, Jackson fez uma análise e reflexão da obra que trata sobre os processos de obtenção dos meios de vida de comunidades ruralizadas do interior paulista, popularmente conhecidas como “caipiras”, e a sua relação com o avanço capitalista.
Júlio César explica que o tema foi escolhido pela importância e influência da obra de Antonio Candido nas artes. “Os Parceiros do Rio Bonito para muito além de discutir a reprodução material e imaterial de um sujeito social tão comum na história nacional, o caipira, revelou instrumental teórico e metodológico para incursões contemporâneas sobre outros sujeitos, como os das sociedades tradicionais e camponesas da América Latina, razão pela qual a escolha sobre uma obra de mais de meio século se revela tão significativa para marcar Antonio Candido como um intérprete do Brasil Contemporâneo”, complementa.