Resumo:
No século XIX, os esforços dos retornados africanos e missionários europeus para descrever o Yorùbá falado, documentar seu
evangelismo cristão e promover suas ambições comerciais criaram uma abundância de textos por meio dos quais se pode entender a cultura da baía de Benim. Porém, o conhecimento da ecologia, as filosofias de parentesco e as concepções de trabalho dos falantes de línguas Yorùbás extrapolam – e muito – os registros textuais. Por isso, para reconstruir o passado africano, é preciso articular tanto o conjunto das fontes tradicionais do ofício do historiador quanto as formas alternativas de preservação da história. Especificamente, evidências arqueológicas, as técnicas da linguística histórica e entrevistas com guardiões das tradições orais podem nos ajudar a dar sentido a documentos escritos imperfeitos. De fato, é necessário usar esses métodos para fornecer um relato mais preciso das histórias africanas a partir das suas próprias perspectivas. Minha
pesquisa, entre os falantes de línguas Yorùbás do século XIX, mostra um exemplo da importância dessa abordagem.
Sobre o autor:
Doutorando em História na Northwestern University, onde desenvolve pesquisa sobre os processos de abolição e as
transformações agrícolas no sudoeste da Nigéria ao longo do século XIX. É bacharel e mestre pela University of British Columbia, com trabalhos voltados para formas específicas do pensamento pan-africanista surgidas na África Ocidental. Sua pesquisa atual investiga as relações entre trabalho, saberes e técnicas agrícolas locais, bem como as reconfigurações nas noções de liberdade entre os falantes de Yorùbá durante o século XIX. Além disso, o estudo leva em consideração as influências exercidas pelos retornados de Serra Leoa e do Brasil. Uma estadia recente na Nigéria teve papel decisivo no aprofundamento de sua abordagem empírica e conceitual.