Podcast revela a Idade Média além dos mitos e estereótipos

Estudos Medievais é uma produção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que tem como objetivo divulgar conteúdo para interessados pela história da Idade Média
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Redação
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Avicena e os livro de horas são temas de podcast sobre a Idade Média – Foto: Wikipedia 1 e 2

Crises sanitárias, conflitos armados, igreja católica, Joana d’Arc e Thomas de Aquino são alguns dos temas e nomes que geralmente são lembrados quando falamos sobre a Idade Média, período de aproximadamente mil anos que vai da queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) à tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453). Para ir além do senso comum e mostrar outras visões sobre este período da história, o podcast Estudos Medievais reúne pesquisadores de universidades do Brasil e do exterior para falar sobre seus estudos e descobertas. Para conferir, todos os episódios estão disponíveis no site do projeto neste link ou em plataformas como o Spotify.

Produzido pelo Laboratório de Estudos Medievais (Leme) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o podcast traz produções mensais que têm entrevistas, apresentações e bate-papos, e também oferecem recomendações de leitura a seus ouvintes.

Um dos últimos episódios lançados, sobre Escravidão Antiga, conta com a participação do professor Fábio Duarte Joly, docente de História Antiga na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Ele discute a escravidão na Roma Antiga a partir de diferentes perspectivas, abordando as limitações das fontes disponíveis, geralmente produzidas por elites. Questiona a noção de um “escravo romano típico” e destaca a diversidade das experiências de pessoas escravizadas. Analisa também a importância do trabalho escravo para a economia romana e seus impactos sociais, como a concentração de riqueza e o declínio das pequena propriedades. O podcast ainda examina a contradição entre a filosofia estóica e a ausência de críticas ao sistema escravista. Confira no player abaixo ou clicando aqui.

No episódio Livros de Horas, o programa conversa com Maria Izabel de Souza, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da USP, sobre os livros de horas — populares entre os séculos 13 e 16, cuja produção chegou a superar a da própria Bíblia. Esses livros funcionavam como guias de oração para uso privado, baseados nas horas canônicas (os horários fixos de oração da Igreja). Assim, permitiram que fiéis comuns participassem da estrutura de oração em casa, tornando a prática religiosa menos dependente do espaço físico das igrejas e mais voltada ao indivíduo. O episódio mostra que os livros de horas eram também indicadores sociais. Com produção cara, sobretudo nos exemplares maiores e ilustrados, tornaram-se símbolo de status para a nobreza e a burguesia emergente. Sua popularidade reflete o avanço da alfabetização e a existência de um mercado editorial antes mesmo da imprensa de Gutenberg. Segundo a professora, são os escritos medievais que mais resistiram ao tempo. Clique aqui para ouvir ou no player abaixo.

 No episódio Perfil: Avicena, o podcast recebe o professor Jamil Ibrahim Iskander, do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele comenta a trajetória de Avicena, filósofo que integrou medicina e filosofia em seus estudos, sem estabelecer limites rígidos entre as duas áreas. Em sua obra, buscou conciliar o pensamento grego, especialmente o de Aristóteles, com a teologia e a filosofia islâmicas. Sua produção continua sendo referência tanto na medicina quanto na filosofia. Ouça neste link ou abaixo.

 O podcast também abordou a Segunda Pandemia de Peste, com a participação de André Filipe da Silva, mestre em Estudos Medievais e doutor em História pela Universidade do Porto. Na Idade Média, duas formas da doença marcaram o período: a peste bubônica, transmitida por ratos, e a peste pneumônica, altamente contagiosa e propagada pelo ar, ainda mais letal. O episódio vai além dos números de mortos, mostrando como a pandemia impulsionou mudanças profundas na economia, na sociedade e na cultura. A escassez de mão de obra fortaleceu o poder de negociação dos trabalhadores, enquanto, no campo religioso, parte da população se voltou com mais intensidade à fé, e outra passou a questionar as instituições. A peste alterou a percepção coletiva sobre morte, autoridade e estrutura social — tema central da discussão. Confira clicando aqui.

Ouça todos os episódios do podcast Estudos Medievais na sua plataforma de podcasts preferida: Spotify, Apple Podcasts e Anchor.

Confira as atividades do grupo em https://leme.fflch.usp.br e nas redes sociais Facebook, Instagram e YouTube.

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Escrito por Diogo Silva. Texto original: https://jornal.usp.br/universidade/podcast-revela-a-idade-media-alem-do…