Uma pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realizou um mapeamento do Centro Expandido de São Paulo, que corresponde a área do município delimitada pelo chamado mini-anel viário, com o objetivo de avaliar se a quantidade de vegetação e a forma como está distribuída promove a qualidade ambiental na cidade.
Milena Pires de Sousa, autora da dissertação Conectividade da cobertura vegetal urbana no centro expandido de São Paulo – SP, utilizou dados geográficos abertos pela Prefeitura de São Paulo e imagens aéreas de alta resolução disponibilizadas no portal GEOSAMPA para indicar a presença de duas formas de vegetação na capital paulista: arbórea/arbustiva, que é a vegetação com tronco, como árvores e arbustos; e rasteira, que é sem troncos, como grama.
A pesquisadora categorizou a vegetação encontrada em quatro: corredor, agrupada, isolada e fragmentada. O corredor refere-se aos corredores de árvores, que podem ser vistos em longas avenidas, por exemplo. As vegetações agrupadas são fragmentos florestais que estão juntos, mas não chegam a formar um corredor e nem estão isolados. Vegetação isolada é quando uma árvore se encontra sozinha, sem nenhuma outra por perto. A vegetação em fragmento refere-se a uma área mais extensa com vegetação, como parques e praças.
O mapeamento identificou maior presença e diversidade arbórea em distritos mais distantes do centro, como Alto de Pinheiros, Cursino e Ipiranga, que apresentaram áreas verdes contínuas, como parques, praças e fragmentos de vegetação mais preservados. Os bairros mais centralizados, como Sé, Brás e Bela Vista, apresentaram menos vegetação, disposta de forma isolada e dispersa.
A partir dessa classificação e da análise dos dados obtidos, a dissertação revelou que, na cidade de São Paulo, predomina a presença de vegetação arbustiva de forma isolada, com maior presença em áreas como vias públicas e intralotes residenciais. “Essas formações, embora importantes para amenizar o clima urbano e proporcionar sombra e conforto ambiental, não são suficientes para garantir uma conectividade ecológica efetiva”, explica Milena.
Mesmo que a melhor opção seja aumentar os espaços verdes, a pesquisadora explica que é importante melhorar a distribuição desses espaços para que exista uma conectividade ecológica. “A maioria das árvores ou da cobertura vegetal que já existem, está apresentada de forma isolada, e isso tem pouca efetividade em questões ecológicas ou em efetividade de mudanças ambientais e climáticas”.