Professor emérito José Arthur Giannotti ministra conferência sobre as Ciências Humanas

A conferência inaugurou a série Questões do presente 2019 – 2020 e encerrou a programação do evento Patrimônio Inestimável, em comemoração aos 85 anos da FFLCH

Por
Eliete Viana
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​​​​​​​professor Giannotti

A diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda, e o professor emérito José Arthur Giannotti durante a conferência inaugural da série Questões do presente 2019 – 2020 - Foto: Fábio Nakamura / FFLCH USP

 

Na tarde de quarta-feira, dia 4 de dezembro, o professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP José Arthur Giannotti ministrou uma conferência com o tema Afinal, para que servem hoje as Ciências Humanas?, no Anfiteatro Aziz Ab Saber, dentro do Edifício Eurípedes Simões de Paula (prédio de Geografia e História).

A apresentação de Giannotti inaugurou a série Questões do presente 2019 – 2020. A ideia veio do contexto sociopolítico atual do Brasil, visto que em 2019, as Ciências Humanas, a cultura e as artes sofreram violentos ataques e questionamentos sobre sua importância social e real necessidade do conhecimento e do sentido que elas criam.

Por isso, a série debaterá sobre o papel e as contribuições desta área para o desenvolvimento do País, que se estenderá até 2020 com a participação de várias personalidades das mais diversas linhas de pensamento. A próxima conferência será realizada em março, ministrada pelo professor Renato Janine Ribeiro, do Departamento de Filosofia. As conferências da série vão até junho de 2020.

Dar sentido 

Na apresentação da conferência com Giannotti, a diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda, comentou sobre o sentido de comemorar os 85 anos de uma instituição. 

“Essas comemorações tem o sentido explícito de comemorar
e tem um sentido político maior: mostrar a importância desta casa, desta instituição”. Maria Arminda ressaltou que, em um momento em que o governo e alguns órgãos governamentais questionam a existência das Humanidades, é mais necessário ainda a participação da Faculdade no debate público. “Estamos aqui, começando a reafirmar o nosso lugar, inclusive no âmbito da universidade. Mas, para projetar o nosso futuro também”, afirmou.

O professor José Arthur Giannotti iniciou sua fala lembrando quando começou a frequentar a Faculdade, o que aconteceu ainda como aluno ouvinte antes do seu ingresso definitivo na graduação. E ressaltou que, na criação da USP e da Faculdade, em 1934, a então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) veio “dar uma unidade científica” aos outros institutos universitários existentes no Estado de São Paulo.  

Em relação ao tema da conferência Afinal, para que servem hoje as Ciências Humanas?, ele foi enfático: “As Ciências Humanas servem hoje para controlar e dar sentido a esses conflitos que existem em todas as universidades, instituições e lugares!. Pois, cuidam do saber histórico”.

Durante sua exposição, Giannotti falou sobre linguagem, as diversas maneiras que os conflitos sociais são vistos e as mudanças estruturais que a Faculdade passou ao longo dos anos, assim como a obtenção de cargos e ascensão na carreira docente nas universidades públicas, nas quais, muitas vezes, “a pesquisa fica em segundo plano”, segundo ele.

As posições de Giannotti levantaram alguns questionamentos do público presente, principalmente de um docente de Linguística da própria FFLCH. Por causa de como o professor emérito falou sobre o estruturalismo e Ferdinand de Saussure [1857 – 1913, que foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. Seu pensamento exerceu grande influência sobre o campo da teoria da literatura e dos estudos culturais].

O professor Carlos Alberto Barbosa Dantas, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) – que também esteve presente nas inaugurações das duas galerias e espaços de memória no dia anterior, ocorridas no prédio da Diretoria e Administração –, disse que na época da FFCL sentia que existia mais integração entre as várias áreas do conhecimento, porque não tinha departamentos como hoje. “Criávamos um espírito mais aberto, em que tínhamos interesse por outras áreas também”, destacou.

Sobre a integração ou falta dela, Giannotti diz acreditar não ser um problema ou uma questão de espaço e estrutura. “A abertura da Faculdade a eventos como esse é mais uma recusa destes momentos de intolerância”, destacou Giannotti e dando ênfase a este tipo de atividade como fator de integração. 

Patrimônio Inestimável

A atividade encerrou a programação do evento Patrimônio Inestimável, que contou com diversas atividades para celebrar os 85 anos de sua fundação da Faculdade. A abertura foi realizada na segunda-feira, dia 2, às 18h, no Anfiteatro Camargo Guarnieri, com a leitura cênica da peça teatral Prova de Fogo, sobre a ocupação dos estudantes da sede da Faculdade na Rua Maria Antonia, em 1968, em protesto contra a ditadura militar e a reforma universitária. E, no dia 3, foram realizadas inaugurações de duas galerias e espaços de memória no prédio da Diretoria e Administração da FFLCH.