A Revolução causou grande mobilização estudantil, influenciando também a juventude ocidental
Em 1949, a proclamação da República Popular da China, com o líder Mao Tsé-Tung (Mao Zedong) à frente, representou a vitória do comunismo sobre opositores nacionalistas e potências ocidentais que atuavam na China.
As primeiras medidas do novo governo, como a nacionalização dos meios de produção, perseguição de opositores e planos quinquenais, funcionaram na consolidação do regime comunista na sociedade. Contudo, no decorrer dos anos 1950, a interferência do governo na imensa sociedade agrícola do país, numa tentativa de desenvolvimento tecnológico e econômico forçado, levou a uma grande crise em toda a economia chinesa.
Após o fracasso no plano econômico e com objetivo de retornar ao controle do Partido Comunista Chinês (PCCh), Mao Tsé-Tung faz a “revolução dentro da revolução”, de acordo com o professor Antonio José Bezerra de Menezes Júnior, do Departamento de Letras Orientais da FFLCH USP.
Conclamada por Mao em 1966, a Revolução Cultural se destacou pela participação radical da juventude, em sua maioria secundarista, denominados de Guarda Vermelha. O grupo criticava o PCCh, “que estariam traindo os ideais da Revolução de 1949 e que portanto não estavam alinhados com o seu pensamento”, explica o docente.
O Livro de Pensamentos de Mao Zedong, um conjunto de trechos de discursos do líder Mao Tsé-Tung organizados tematicamente, tornou uma leitura diária obrigatória durante a Revolução Cultural.
O forte idealismo do grupo resultou em perseguição e violência contra professores, intelectuais, artistas e membros do partido. “Nominalmente, a Revolução Cultural perdurou até a morte de Mao Zedong em 1976, embora nesta última fase o país mergulhe num período de estagnação, interrompido apenas pela visita do Presidente Nixon em 1972”, conta o docente.
A Revolução foi desmobilizada quando as cidades começaram a ficar caóticas devido aos conflitos entre a Guarda Vermelha e os chamados Comitês Revolucionários, havendo intervenção do Exército da Libertação Popular (ELP) em escolas e universidades e exílio dos estudantes para o interior do país.
Menezes analisa que “no plano externo, a Revolução Cultural aprofundou a ruptura sino-soviética de 1960 e, por meio de um intenso esforço de propaganda oficial, influenciou também os movimentos estudantis de 1968 no ocidente”.
Para entender melhor a Revolução Cultural Chinesa, o professor indica o livro Cisnes Selvagens, da ex-guarda vermelha Jung Chang, que comenta a situação vivida, e os filmes Balzac e a Costureirinha Chinesa e La Chinoise.
Colaboração: Paulo Andrade