No final da tarde do dia 17 de março, sexta-feira, foi realizada a primeira aula da disciplina “Aspectos da Cultura Brasileira I”, oferecida pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP com o objetivo de apresentar aos alunos estrangeiros de intercâmbio e de convênios internacionais alguns aspectos da cultura do povo brasileiro.
A disciplina irá promover o conhecimento sobre a realidade cultural brasileira, propiciar aos alunos visão ampla sobre o processo cultural da nossa sociedade e discutir questões pertinentes sobre os aspectos significativos da cultura brasileira. Serão 13 aulas ministradas na forma de conferência, onde a cada semana um professor de um dos departamentos da Faculdade abordará um tema relacionado à cultura brasileira.
A primeira aula foi proferida pela professora titular do Departamento de Sociologia, Maria Arminda do Nascimento Arruda, e atual diretora da FFLCH, que é graduada em Ciências Sociais, com mestrado e doutorado em Sociologia, todos pela USP. A docente dedica-se aos estudos da sociologia cultural, com ênfase em literatura, artes, pensamento social, história intelectual e meios de comunicação de massa.
Modernismo
No início da aula, Maria Arminda aproveitou para contar um pouco sobre a história da USP, da FFLCH, dos cursos oferecidos pela Unidade e fez uma pesquisa informal entre os alunos para saber qual era o país de origem deles. “Temos aqui uma mistura do mundo, mas com uma grande participação de estudantes de países do oriente. Eu fiz questão de ministrar a primeira aula desta disciplina, porque gosto de ser professora e também para dar as boas-vindas institucionais”, destacou.
Depois, ela explicou a escolha e importância do tema da aula “Interpretações do Brasil. Ensaios sobre a formação”, dizendo que é “uma reflexão sobre a origem da população brasileira e para pensar se podemos ser uma nação moderna”. Maria Arminda falou do movimento modernista de 1922 e as diferenças entre modernismo, modernização e modernidade. “A questão chave da cultura brasileira é a modernidade. E para entender o Brasil moderno é preciso entender os ensaios sobre a formação”, ressaltou.
Ela comentou sobre três obras centrais que são fundamentais para a interpretação do Brasil moderno, publicadas na década de 1930: “Casa grande e senzala”, de Gilberto Freyre; “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda; e “A evolução política do Brasil”, de Caio Prado Júnior. E, apontou também outros livros importantes sobre a questão, lançados na década de 1950: “Formação da literatura brasileira, de Antonio Candido; “Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado; e “Os donos do poder”, de Raymundo Faoro.
A docente fez um paralelo com os dias atuais do país e ressaltou que a civilização moderna [dos trópicos] pressupõe enfrentar a formação e esse legado histórico, “apesar dessa espécie de desilusão que estamos vivendo no país, que é vivida no mundo contemporâneo inteiro, com a volta do fundamentalismo, por exemplo”. Para finalizar, Maria Arminda leu um trecho da poesia “Desesperança”, do poeta modernista Manuel Bandeira: “O silêncio é tão largo, é tão longo, é tão lento / Que dá medo... O ar, parado, incomoda, angustia.../ Dir-se-ia que anda no ar um mau pressentimento”.
Outros temas
Alguns temas que serão apresentados nas aulas da disciplina são: "A história da língua portuguesa no Brasil”, “Culturas indígenas no Brasil hoje”; “Música brasileira e a construção de uma identidade nacional”; “A Formação sócioespacial brasileira e suas desigualdades territoriais”; “O Brasil na Era Vargas (1930-1945) e a Rússia: política e cultura”; e “A democracia no Brasil”; entre outros.
Todos os alunos intercambistas da FFLCH são automaticamente matriculados na disciplina, e quando vão efetuar as suas matrículas eles confirmam se querem ou não cursá-la. No segundo semestre, a disciplina também é oferecida com o nome “Aspectos da Cultura Brasileira II”, pois a Faculdade recebe alunos intercambistas semestralmente.
As aulas são organizadas pela Comissão de Cooperação Internacional (CCInt) e acontecerão às sextas-feiras (exceto nos feriados do dia 14 e 21 de abril, e no dia 16 de junho), das 17h às 19h, na sala 211 do prédio de Letras, localizado na Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – Cidade Universitária, São Paulo.