Proclamada por D. Pedro I, independência do Brasil traz diversas interpretações do século XIX aos dias de hoje
Não há dúvidas de que a conquista da Independência do Brasil foi um dos acontecimentos mais importantes da nossa história. A partir dessa data, o Brasil deixa de ser colônia portuguesa e adquire sua autonomia política.
Para Ana Teresa de Souza e Castro da Purificação, mestre em História Social pela FFLCH USP, o 7 de setembro deve ser visto como uma estratégia política que renovaria as relações já comprometidas entre Portugal e Brasil.
Assim, o tema se apresenta de maneira complexa no debate historiográfico da independência. “Temos hoje uma interpretação sobre a Independência do Brasil que transita e valoriza o processo vivido por todos os integrantes da sociedade, passando pelas questões que envolvem a construção da cidadania e também da identidade da nação tanto no passado, como nos dias atuais”, explica.
Ao declarar independência, o governo brasileiro se deparou, segundo a pesquisadora, não só com a necessidade de consolidar uma unidade no território nacional, mas de lidar com os interesses populares. “Por trás disso tudo havia um governo que precisava se consolidar e uma sociedade que precisava reconhecer-se como pertencente a essa nação; era preciso construir a identidade do Brasil e do brasileiro”.
Nesse sentido, Ana Teresa comenta que a trajetória da construção de identidade se prolongou até o período republicano. Foram concretizadas interpretações da independência na construção de monumentos, pinturas, esculturas e até na arquitetura. Alguns exemplos são o Monumento à Independência e o Museu Paulista que mostram “momento determinante de liberdade e ruptura com Portugal”.
Em sua pesquisa, Ana Teresa analisou livros selecionados do Guia de Livros Didáticos de 1998, evidenciando as várias interpretações passadas desde o século XIX. Ela explica que a memória do acontecimento não está limitada aos livros. “De fato, construímos e reconstruímos a memória sobre a Independência e damos novos significados às suas interpretações. Pesquisadores se debruçam sobre os documentos que, inéditos ou não, apontam elementos para que a história e a memória se movimentem e adquiram novos significados”.
Por fim, a pesquisadora nos chama a atenção para a memória coletiva da independência que construímos hoje. Comentando que as interpretações transitam entre passado e presente. “Isso que torna o tema tão atual e encantador”, finaliza.
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Ana Teresa de Souza e Castro da purificação defendeu a dissertação (Re)criando interpretações sobre a Independência do Brasil: um estudo das mediações entre memória e história nos livros didáticos, pelo Departamento de História da FFLCH USP.