FFLCH reedita dois livros sobre a sua história na sede da Rua Maria Antônia

As obras tem o intuito de refletir sobre a famosa batalha ocorrida neste endereço, que completa 50 anos nos dias 2 e 3 de outubro, e também relembrar o período em que a Faculdade esteve instalada no local

Por
Eliete Viana
Data de Publicação

sede da FFCL na Rua Maria Antônia
Sede da FFCL no prédio da Rua Maria Antônia - Foto: Arquivo FFCL

Em outubro completam-se 50 anos da batalha da Maria Antônia. Para refletir sobre esta data, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP reeditou duas importantes obras relativas à história de sua antiga sede no prédio da Rua Maria Antônia: Livro Branco sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antônia – 2 e 3 de outubro de 1968 e Maria Antônia: Uma Rua na Contramão.

Os lançamentos dos livros e os debates sobre eles serão realizados no dia 3 de outubro, próxima quarta-feira, às 19h, no Centro Universitário Maria Antonia (CEUMA).

A programação faz parte da série de eventos Ecos de 1968 – 50 anos depois, que acontecem de 2 a 5 de outubro, no CEUMA, com a organização da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, da Superintendência de Comunicação Social da USP e da FFLCH.

Livro Branco

O primeiro lançamento será o Livro Branco sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antônia – 2 e 3 de outubro de 1968, que é um relatório acompanhado de importantes documentos (cópias, rascunhos, anotações, documentos, fotos e material de imprensa da época), datado de 6 de novembro de 1968, elaborado por uma Comissão de professores, nomeada pela Congregação da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL).

A comissão era formada por Simão Mathias (presidente), Antonio Candido (relator), Carlos Alberto Barbosa Dantas (Caio), Carlos Benjamin de Lyra, Eunice Durham e Ruth Cardoso e tinha o objetivo de apurar os fatos ocorridos nos dois dias de conflito e seu contexto geral.

O material recolhido pela comissão havia desaparecido misteriosamente após ter sido entregue às autoridades da Universidade. Uma cópia da documentação, no entanto, sobreviveu por iniciativa do relator da comissão que a guardou até 1988, quando a primeira edição foi publicada. Depois, Antonio Candido confiou a guarda da documentação à Irene Cardoso, que era aluna da FFCL em 1968, tornou-se pesquisadora do tema e atualmente é professora aposentada do Departamento de Sociologia da FFLCH.

A republicação do livro em 2018 traz uma edição ampliada, acompanhada da caixa dos documentos salvos do desaparecimento. A diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda, fala sobre os motivos de relançar o livro.

“A decisão de republicar o livro-relatório originou-se da convicção sobre a necessidade de revisitar a história. A sua leitura, ainda hoje, choca o leitor; contundente por suscitar sentimento de indignação diante de tanta iniquidade; comovente na acepção de provocar um misto de tristeza e mágoa, ao qual se mescla orgulho de perceber a integridade dos organizadores do documento e a força dos depoimentos nele reproduzidos”, destaca.

O debate sobre este livro contará com a exposição de Irene Cardoso e Carlos Alberto Barbosa Dantas, que foi membro da Comissão de professores. A mediação será do professor do Departamento de Ciência Política da FFLCH André Singer.

Na contramão

Maria Antônia: Uma Rua na contramão é a segunda obra que será relançada e reúne o depoimento de 31 personalidades sobre a FFCL, na Rua Maria Antônia, entre 1948 e 1968, como Bento Prado Júnior, Fernando Henrique Cardoso, José Goldemberg, Marilena Chaui, Mário Schenberg e Paul Singer, entre outros.
 

bomba de gás lacrimogênio
Imagem de bomba de gás lacrimogêneo encontrada no pátio da FFCL, que consta nos documentos anexos da reedição do Livro Branco sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antônia – 2 e 3 de outubro de 1968 - Foto: Arquivo FFCL

A primeira edição foi publicada há 30 anos, com organização da professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) Maria Cecília Loschiavo Santos. A diretora da FFLCH ressalta a importância desta obra no cenário brasileiro atual.

“A obra é imprescindível. Se a sua primeira edição foi contemporânea do clima de promessas civilizatórias asseguradas pela carta constitucional de 1989, a presente publicação coincide com o retorno do velho fantasma autoritário. Quem sabe essa reedição possa se revelar um documento profícuo de repúdio às atitudes equívocas da regressão. Se assim for, a sua memória terá cumprido o papel fundamental, de referendo dos valores nela encarnados e de recusa das soluções ante libertárias”, afirma Maria Arminda.

Após o lançamento deste livro também acontecerá um debate com quatro professores que escreveram artigos para a obra: Adélia Bezerra de Menezes, Franklin Leopoldo e Silva, José Arthur Giannotti e Marilena Chaui, com mediação da organizadora, Maria Cecília Loschiavo dos Santos.

No dia 3 de outubro, serão lançados, em edição especial numerada, 50 exemplares de cada livro. Pois, os debates realizados na ocasião serão incorporados depois nas impressões definitivas das reedições ainda neste ano.

Mais informações sobre as reedições dos livros pelo e-mail: projetosespeciais.fflch@usp.br.

Os lançamentos e os debates acontecerão no dia 3 de outubro, quarta-feira, no Centro Universitário Maria Antonia, na Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo.

Programação

19h
Abertura:
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Lançamento: Livro Branco sobre os Acontecimentos da Rua Maria Antônia – 2 e 3 de outubro de 1968
Debate
Expositores: Carlos Alberto Barbosa Dantas (Caio) e Irene de Arruda Cardoso
Mediador: André Singer

20h
Lançamento:
Maria Antônia: Uma Rua na Contramão
Debate
Expositores: Adélia Bezerra de Menezes, Franklin Leopoldo e Silva, José Arthur Giannotti e Marilena Chaui
Mediadora: Maria Cecília Loschiavo dos Santos