Professores da FFLCH discutem adoção de práticas de mediação e de justiça restaurativa na Universidade

Evento na IEA busca ampliar acessibilidade de práticas dialogadas de justiça como alternativa à justiça retributiva

Por
Gabriela César
Data de Publicação
Editoria

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Foto: Lívia Uchoa / Divisão de Comunicação da IEA

Na sexta-feira, 14 de março, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP realizou o evento “Vítimas, Ofensores e os Desafios para a Adoção de Práticas de Mediação e de Justiça Restaurativa”.

Durante o encontro, professores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), de outras unidades da USP e de diferentes universidades buscaram discutir, entre outros temas, a adoção de comunicação não-violenta para a resolução de danos causados por crimes ou conflitos.

No decorrer das falas apresentadas, houve a explicação de como seria possível a implementação eficaz dessa prática no ambiente acadêmico. Para isso, faz-se necessário um ambiente propício, linguagem adequada, regras definidas previamente e de conhecimento explícito aos participantes voluntários.

A proposta de ampliação da justiça restaurativa ainda sofre resistência de discentes, docentes e funcionários da USP para sua adesão. Há preferência pela comunidade universitária por práticas tradicionais de solução de conflitos, como a justiça retributiva, que pune o crime que uma pessoa tenha cometido com sentenças de encarceramento ou penas alternativas simbólicas

“A fim de superar a resistência a essas práticas (justiça restaurativa e práticas de mediação), são necessárias rotinas e condutas passíveis de nutrir relações saudáveis, curar relações adoecidas, corrigir injustiças pontuais e sistêmicas, e também de promover uma maior democratização da convivência”, conforme afirmou Elizabeth Harkot-de-La-Taille, professora de Estudos Linguísticos em Inglês da FFLCH.

O evento foi composto por quatro mesas, sendo a primeira delas sobre “Vítimas e ofensores, autores e réus: O sistema de justiça como um sistema plural”; “Gestão e mediação de conflitos” e “Construindo práticas autocompositivas na USP”. 

Na segunda mesa foram abordados os temas “Os desafios da convivência na escola: pesquisas e intervenções” e “Acolher e cuidar: o papel da escola diante do bullying e do sofrimento emocional de crianças e adolescentes”.

Já na terceira mesa, houve o debate sobre “Implantação de práticas de mediação: questionamentos, protocolos e dificuldades dos gestores”; “Desafios da Unifesp para a institucionalização de processos de mediação de conflitos” e “A Mediação no ambiente universitário: uma abordagem sobre o diálogo e a busca de soluções consensuais para as divergências”. 

Por fim, na quarta mesa, foi discutido sobre justiça restaurativa, mediação de conflitos e ações afirmativas em ambientes universitários.

O diretor da FFLCH, Adrián Fanjul, afirmou na Congregação do dia 20 de março a importância do evento e a necessidade de a USP ter um novo tipo de protocolo de resolução de conflitos, em contraposição ao padrão institucional atual, que ainda segue a proposta feita nos anos 1970.

As mesas foram mediadas por Elizabeth Harkot-de-La-Taille, professora de Estudos Linguísticos em Inglês da FFLCH; Ricardo da Cunha Lima, chefe do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH; Carla Boin, coordenadora do NUJUR DIVERSO USP (Núcleo de Justiça Restaurativa, Diversidades e Saberes Orais); Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, professora do Departamento de Antropologia da FFLCH; Teresa Teles, coordenadora executiva do Diversitas (Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos) da USP. Além dos nomes citados, também estiveram no evento representantes da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Para assistir ao evento completo, acesse o link: Vítimas, Ofensores e os Desafios para a Adoção de Práticas de Mediação e de Justiça Restaurativa

Divisão de Comunicação da IEA / Sandra Sedini

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Foto: Lívia Uchoa / Divisão de Comunicação da IEA