FFLCH organiza reunião aberta sobre a iniciativa Memória Negra

Encontro falará sobre os próximos passos a serem seguidos para reescrever a história negra da Faculdade

Por
Astral Souto
Data de Publicação
Editoria

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Dia 2 de abril, às 17h30, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) promoverá uma reunião aberta para ponderar coletivamente sobre as próximas etapas do projeto Memória Negra da FFLCH, que tem o objetivo de mapear e analisar a história da Faculdade através dos seus docentes negros. 

A iniciativa faz parte do FFLCH 90 anos, projeto que compila documentos, fotos, livros e fatos históricos que contam a trajetória da FFLCH desde 1934. O conteúdo pode ser encontrado no site memoria.fflch.usp.br, na página dedicada ao Memória Negra que, atualmente, há uma lista de alguns professores negros da FFLCH. A expansão do projeto pretende adicionar docentes mais antigos, servidores e alunos que atuaram em movimentos sociais que foram fundamentais para o combate ao racismo. 

A vice-diretora da FFLCH, Silvana de Souza Nascimento, explica: “Esta primeira reunião aberta é fundamental para que a gente possa apresentar o projeto recém-inaugurado, ouvir sugestões, trocas experiências e poder construir com nossa comunidade o resgate da memória negra da FFLCH como parte de um processo de reparação histórica de todas as pessoas negras que trabalham e estudam aqui”.

A reunião será aberta à comunidade FFLCH e pessoas interessadas. Também foram enviados convites específicos para os docentes, funcionários e estudantes negros da FFLCH, já identificados ou em processo de identificação pelo projeto, núcleos e coletivos negros da FFLCH, da USP e da sociedade civil, se destacando: o núcleo da Consciência Negra da USP, Coligação Coletivos Negros da USP, Grupo de Pesquisa Sobre Educação, Relações Etnico-Raciais, Gênero e Religião da Faculdade de Educação – FATELIKU. 

O evento ocorrerá no Auditório Milton Santos - Prédio Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História), na Av. Professor Lineu Prestes, 338 – Cidade Universitária, São Paulo.

O projeto

O Memória Negra da FFLCH, coordenado pelos funcionários Abílio Tavares, Fátima Morashashi e a equipe de bolsistas Ana Paula Loberto, Thamires Badu, Eric Rinaldi, Cauê Harms e Gabriel Silvano, tem o propósito de trazer reconhecimento e valorização de todo o percurso histórico negro da FFLCH. 

Essa decisão foi tomada a partir da diversidade étnica percebida de ingressantes da Faculdade, o que se deve por ações afirmativas como as cotas: “A partir das políticas de cotas raciais e sociais, os espaços universitários enegreceram. Estudantes negras e negros trouxeram, finalmente, uma ampliação do perfil das universidades públicas sem, contudo, terem esta mesma representatividade negra por parte do corpo docente”, diz Silvana em nota para o site Memória FFLCH.
De acordo com o Anuário Estatístico da USP, em 2023, menos de 5% dos docentes eram negros, enquanto os estudantes - distribuídos entre graduação, pós-graduação e pós-doutorandos - eram cerca de 23,55%. O projeto Memória Negra visa reconhecer esses docentes e futuramente funcionários e estudantes e, consequentemente, incentivar novos ingressantes negros na Universidade.