Sylvia Caiuby Novaes e Ricardo da Cunha Lima foram os vencedores, respectivamente, nas áreas Artes Plásticas e Texto
A importância e prestígio de uma Unidade de Ensino e Pesquisa como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP é construída pelo desempenho de seus docentes, alunos e funcionários técnicos-administrativos, que é medido muitas vezes pelos prêmios conquistados.
De 2010 a 2017, a comunidade da Faculdade recebeu dezenas de prêmios: 1 Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano, 39 prêmios Jabuti, em diversas categorias; 22 prêmios Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) de melhores teses; e 12 prêmios Tese Destaque USP.
Além destes prêmios ligados às suas áreas de formação e atuação, dois membros da FFLCH também foram ganhadores da primeira edição do Festival +Arte+Cultura, voltado para docentes e funcionários técnicos-administrativos da Universidade.
Realizado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, o concurso artístico premiou talentos nas áreas de Artes Plásticas, Música, Texto e Dança. Os vencedores das quatro áreas receberam R$ 4 mil.
A cerimônia de premiação ocorreu na noite do dia 14 de dezembro, no Espaço Multiuso do novo prédio do Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma), órgão vinculado à PRCEU.
13 representantes da FFLCH inscreveram-se no Festival, de um total de 139 inscrições válidas no concurso. E, ao final, dois professores da Faculdade foram vencedores em duas áreas.
Na área Artes Plásticas - categoria Fotografia, a professora do Departamento de Antropologia Sylvia Caiuby Novaes ganhou pelo trabalho Imagens da Etiópia. E, na área Texto - categoria poesia, o professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Ricardo da Cunha Lima foi um dos vencedores com o poema Um par de lições do lápis.
Etiópia
Sylvia inscreveu-se no Festival com cinco imagens captadas no sul da Etiópia, em julho de 2017. Ao todo, a docente fez três viagens para a Etiópia, nas quais sempre procurou retratar pessoas e paisagens a partir de um olhar que não se deixasse contaminar pela imagem de miséria que se construiu desse país.
Segundo ela, as imagens captadas tem o objetivo de “contrapor essas imagens, que são sempre construídas, a partir do olhar que as registra, àquelas que as pessoas têm em mente quando pensam nesse país”.
A imagem, e em especial a fotografia, não é novidade na vida de Sylvia que fotografa desde os 6 anos de idade, quando ganhou sua primeira máquina fotográfica. “Mas nunca me considerei fotógrafa, sou mesmo antropóloga”, declara a professora.
A partir de sua livre docência, Sylvia trouxe a fotografia para sua atuação profissional, sendo atualmente professora titular na área de Antropologia da Imagem. Em 1991, fundou o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA), o qual coordena até hoje, trabalhando na área de antropologia da imagem, com foco nos usos possíveis que a antropologia pode fazer da fotografia. Além disso, tem publicações que tratam destes temas.
Retomada literária
Para o docente Ricardo da Cunha Lima, o resultado do concurso significa uma retomada na carreira literária. Pois, antes mesmo da vida acadêmica, ele publicou seu primeiro livro, uma obra de literatura infantil, aos 18 anos, quando começava o curso de Cinema – cuja denominação atual é Audiovisual – na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.
No total, Lima publicou oito livros de literatura e poesia infanto-juvenil, pelos quais recebeu dois prêmios Jabuti e dois prêmios APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Porém, nos últimos oito anos, ele conta que a carreira na universidade ficou muito intensa e o absorveu demais, e assim não conseguiu escrever nem publicar mais nada.
“Os livros antigos foram ficando esgotados, fora de catálogo, e eu me sentia com que abandonando a carreira. Estava chateado com isso e tentei lentamente recomeçar a escrever, compondo alguns poemas, que inscrevi no Festival +Arte+Cultura. Por isso, esse prêmio é muito importante, porque representa um incentivo enorme para eu voltar a escrever. Sou muito agradecido à iniciativa da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP!”, relata Lima.
O poema premiado Um par de lições do lápis vai fazer parte de um novo livro, ainda sem data para ser concluído e publicado, que vai se chamar De Volta. “Entre outros motivos, porque representa uma volta à carreira de escritor e poeta, uma volta à publicação de livros. O prêmio é o empurrão de que eu estava precisando!”, destaca o professor.