Livro reúne textos de diversas áreas das ciências do léxico

Os autores analisam como a sociedade influencia e é influenciada pelos estudos de léxico

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

Estudos do léxico
(Arte: Pedro Fuini)

Foi publicado recentemente o livro Estudos do léxico: diferentes olhares e perspectivas (Editora Letra Capital, 202 páginas, em acesso aberto, livros digitais gratuitos), organizado por Marcus Dores, doutorando em Filologia e Língua Portuguesa pela FFLCH, e Maryelle Cordeiro, doutora em Estudos Linguísticos pela UFMG.

A proposta de organização deste livro surgiu de uma proximidade acadêmica e particular de nós, organizadores, e da necessidade de se criar mais um espaço para a reunião de trabalhos das diversas áreas das Ciências do Léxico. Entretanto, após o esboço deste livro e o convite aos pesquisadores e às pesquisadoras, que prontamente aceitaram participar dessa empreitada, o mundo foi assombrado pela pandemia de Covid-19. Assim, diante de tantas perdas e incertezas, os trabalhos de organização ficaram praticamente parados. Não era momento de cobrar de nós mesmos, dos nossos colegas e dos nossos colaboradores, foco para produzir, quando os esforços deveriam estar voltados para o autocuidado e o cuidado do outro. O vírus ainda não desapareceu, mas, felizmente, as estatísticas atuais nos permitem seguir com aquilo que muitos chamam de “o novo normal”. Os trabalhos aqui reunidos só evidenciam como a área das Ciências do Léxico é bastante diversa e produtiva. Assim, esperamos que as discussões aqui levantadas possam incentivar e subsidiar, mesmo que aos poucos, mais discussões na área.

O primeiro capítulo, de Simone Fonseca Gomes e de Anna Ladilova, foi escolhido como forma de nos lembrarmos de todas as vítimas de Covid-19 e de reafirmar que, na área das Ciências Humanas (de maneira abrangente) e na área das Ciências do Léxico (de forma específica), é possível fazer pesquisas sobre esse assunto.  O segundo, de autoria de Bárbara Neves Salviano de Paula e de Simone Dornelas de Carvalho, é intitulado “A análise do ‘Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa’, de Antônio Soares Amora, e a essencialidade da aplicação das Ciências do Léxico na produção dicionarística”. O terceiro, intitulado “Teorias semânticas e a definição nos dicionários: uma análise de definições de termos referentes a aves em dois dicionários da língua portuguesa” é de autoria de Kamila da Silva Barbosa e de Bruno Maroneze, também aborda questões da lexicografia. O quarto, de Jeander Cristian da Silva e de Geraldo José Rodrigues Liska, intitulado “‘Pegou o bonde andando e quer sentar na janelinha!’: como ensinar expressões idiomáticas na perspectiva da Semântica Cultural?”. Os dois autores discutem o valor linguístico e cultural das expressões idiomáticas. Encerra em seu conteúdo descrição dos habitantes, das propriedades territoriais, dos edifícios, do gado, dos ofícios, das rendas e de outras particularidades da Coroa de Castela. O quinto, “Filologia, ciências do léxico e línguas em contato: o Cadastro de Ensenada e o resgate pautado da onomástica galega”, de autoria de Guillermo Vidal Fonseca, associa filologia e linguística, dando-nos a conhecer relevantes informações sobre o manuscrito setecentista O Catastro de Ensenada – documento que surge como materialização de expressivos eventos e encerra em seu conteúdo a descrição dos habitantes, das propriedades territoriais, dos edifícios, do gado, dos ofícios, das rendas e de outras particularidades da Coroa de Castela.

O sexto, “Onomástica antropológica: o ato de nomear a partir de uma perspectiva intercultural”, de Lorenza Lourenço e de Evandro Cunha, coloca os nomes próprios como uma parte importante do léxico. O sétimo, temos o texto de Fernando Hélio Tavares de Barros e de Lucas Löff Machado, intitulado “O léxico toponímico da região de imigração alemã do Rio Grande do Sul: notas sobre a sua toponímia paralela”. O oitavo, “Ilha Solteira – SP: uma análise toponímica da cidade planejada”, de autoria de Ana Greice Moreira Penha, apresenta um estudo de caso de topônimos. Nessa análise, a autora estuda os topônimos de uma cidade brasileira do interior do estado de São Paulo. No fechamento deste livro, temos o nono capítulo, “O sufixo -NTE no português: convergência e divergência na formação de deverbais no português europeu, brasileiro e moçambicano”, de Graça Rio-Torto. Por meio de uma perspectiva comparada, a autora relaciona dados linguísticos referentes à formação de deverbais no português europeu, brasileiro e moçambicano. Esse último capítulo, relacionando léxico e morfologia, aborda relevantes questões sobre processos de formação de palavras em três variedades da língua portuguesa.

Organizadores

Marcus Vinicius Pereira das Dores, é Doutorando em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e em Linguística pela Universidade de Évora. É investigador do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) da Universidade de Évora e membro da Cátedra UNESCO em Patrimônio Imaterial e Saber-Fazer Tradicional: Ligando Patrimônios. Possui mestrado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais e graduação em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto.

Maryelle Joelma Cordeiro, possui graduação em Letras (modalidade: licenciatura dupla; habilitação: Português/Italiano) na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, com experiência acadêmica na Università del Salento em Lecce, na Itália . É mestre em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da UFMG. Possui doutorado em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da UFMG, com período de Doutorado Sanduíche no Atlas Linguístico Italiano e Atlas Toponímico do Piemonte Montano, ambos com sede na Università degli Studi di Torino, na Itália.Na Università degli Studi di Torino, durante o período do Doutorado Sanduíche, atuou como Cultrice della Materia no Dipartimento di Studi Umanistici. É mestre em Didattica e promozione della lingua e cultura Italiane a stranieri pela Università Ca' Foscari di Venezia, em Veneza, na Itália.

Com informações dos organizadores e da Editora Letra Capital