FFLCH concederá título de Professor Emérito a Kabengele Munanga

Pesquisador de antropologia da África e da população afro-brasileira, docente terá seus mais de 40 anos de carreira reconhecidos em cerimônia dia 2 de junho

Por
Alice Elias
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Editoria

Professor Kabengele Munanga
(Foto: Pedro Seno)

Dia 2 de junho, às 14 horas, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realizará a cerimônia de diplomação do título de Professor Emérito a Kabengele Munanga, docente do Departamento de Antropologia. O evento será realizado na Sala do Conselho Universitário.

Nascido na República Democrática do Congo, o professor Kabengele Munanga é brasileiro por naturalização desde 1985. Iniciou sua carreira acadêmica como Professor Assistente na Universidade Oficial do Congo, onde atuou de 1969 a 1975, e começou seus estudos de pós-graduação com uma bolsa de estudos recebida do governo belga, na Universidade Católica de Louvain, onde permaneceu de 1969 a 1971. Nesse período, foi pesquisador no Museu Real da África Central em Tervuren, em Bruxelas, e se especializou em estudo das artes africanas tradicionais. Em razão da ditadura militar instalada em seu país, Munanga precisou voltar antes de concluir seu doutorado.
Em 1977, concluiu seu doutorado em Ciências Humanas, na área de Antropologia Social, com bolsa concedida pela USP. Intitulada Os Basanga de Shaba, Um Grupo Etnico do Zaire, Ensaio de Antropologia Geral, sua tese de doutorado foi publicada em 1986 pela FFLCH-USP.

Munanga se tornou professor na FFLCH em 1980, onde lecionou até 2012, tendo como foco principal as áreas de Antropologia da África e da População Afro-brasileira. Na USP, foi Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia, entre 1983 e 1989; Vice-Diretor do Museu de Arte Contemporânea, entre 2002 e 2006; Diretor do Centro de Estudos Africanos, entre 2006 e 2010; e atualmente é professor sênior no Centro de Estudos Africanos da FFLCH. A Faculdade reconhece Kabengele Munanga por sua excepcionalidade em todos os campos em que atuou na universidade, que se estendem desde a docência na graduação e na pós-graduação, até a formação de pesquisadores, condução de pesquisas, publicações, atividades de cultura e gestão tanto acadêmica quanto institucional.

Também foi professor na Universidade de Montreal, no Canadá, entre 2005 e 2010, professor visitante na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na Universidade Cândido Mendes, na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique e no Centro de Estudos Afro Asiáticos.

Autor de numerosas publicações, que somam mais de 150 entre livros, capítulos de livros e artigos científicos, Munanga tem como legado a contribuição de uma vida versando sobre temas como racismo, políticas e discursos antirracistas, negritude, identidade negra versus identidade nacional, multiculturalismo e educação das relações étnico-raciais. O livro de sua organização Superando o Racismo na Escola, publicado em 1999 pelo Ministério da Educação, foi o primeiro a introduzir a questão racial nos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
“Kabengele Munanga teve sua vida marcada pela luta contra a opressão racial e pela conquista de direitos dos negros no Brasil. Sua atuação, num país em que o racismo estrutural nos envergonha até hoje, merece destaque”, enfatiza o professor doutor Heitor Frúgoli Júnior, Chefe do Departamento de Antropologia.

Em 2012, Kabengele foi homenageado pela Associação dos Docentes da Universidade da USP (ADUSP) por sua contribuição à superação das desigualdades raciais no Brasil. Recebeu inúmeros prêmios e títulos honoríficos, entre os quais: a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, pela Presidência da República Federativa do Brasil; Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores, Palácio do Itamaraty; o Prêmio Benedito Galvão, da Ordem dos Advogados do Estado de São Paulo; o Troféu Raça Negra, pelo Afro-Brás e Faculdade Zumbi dos Palmares; Homenagem como Decano em Estudos Antropológicos, pelo Departamento de Antropologia da USP; Homenagem da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo, ADUSP; Prêmio de Direitos Humanos USP/2017. Além disso, em setembro de 2016 recebeu o título de cidadania baiana pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia e, mais recentemente, a Medalha Roquette Pinto, outorgada pela Associação Brasileira de Antropologia.

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O evento de outorga ocorre dia 2 de junho, às 14 horas, na Sala do Conselho Universitário, na Rua da Reitoria, 374, Cidade Universitária, São Paulo.