O trabalho analisou o uso das metáforas como figuras retóricas e conceituais em editoriais online de grandes veículos de imprensa
Pesquisa de mestrado apresentada em 25 de maio de 2018 sob a orientação da professora Lineide do Lago Salvador Mosca, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH USP. Confira a seguir a entrevista com a pesquisadora Daniela Lasso de La Vega Pereira:
Serviço de Comunicação Social: Por que escolheu esse assunto?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: É indiscutível a necessidade de reflexão sobre questões relativas ao convencimento e à persuasão inerentes a todo texto argumentativo. Esse fato, entre outros, salienta o valor sociocultural da retórica, além de justificar a importância de estudos voltados para as figuras retóricas como estratégias de elaboração do gênero textual, o editorial.
Serviço de Comunicação: O que esperava descobrir?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Acreditava que existia uma argumentação em comum, utilizadas por ambos periódicos em seus editoriais.
Serviço de Comunicação Social: Quais eram suas expectativas?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Encontrar o modo como seriam construídas os modelos de escrita dos editoriais de jornal, em diferentes contextos.
Serviço de Comunicação Social: Como você fez a pesquisa?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Para desenvolver a pesquisa optamos pelos paradigmas interpretativo e positivista. O primeiro, de caráter qualitativo, possuiu no trabalho a finalidade de compreender e interpretar. Já o segundo, de caráter quantitativo, possuiu no trabalho a finalidade de explicar e de verificar o objeto.
Serviço de Comunicação Social: Qual metodologia você utilizou?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Escolhemos o Modelo Metodológico apresentado por Lopes (1990 [2014]) que estrutura a investigação em níveis e em fases, cujas operações metodológicas se realizam num espaço determinado, considerado como epistêmico, entendendo principalmente que a reflexão epistemológica opera internamente à prática da pesquisa, não se esquecendo dos critérios de validação externa.
Serviço de Comunicação Social: Que resultados você obteve?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: A partir da análise retórica e tabulação dos dados total dos Corpus selecionados, achamos interessante fazer a soma total e devida contabilização como fechamento de toda nossa análise. Contabilizamos, assim a utilização de cento e vinte duas metáforas como figuras de escolha, quatorze metáfora como figura de comunhão e sete metáfora como figura de presença. O que nos traz uma proporção aproximada de 85% do uso das metáforas como figuras retóricas aplicadas como figura de escolha. Nesse sentido, percebemos uma utilização grandiosa no uso da figura retórica de escolha, e seria a metáfora retórica de maior aplicabilidade nos dias atuais, acreditasse que seu uso diário é mais comum do que se costuma investigar.
Referente a totalidade da análise conceitual foram encontradas cento e vinte cinco metáforas da guerra, noventa e uma metáforas da artimanha, setenta e quatro metáforas do desafio, sessenta e duas metáforas do fracasso, quarenta e cinco metáforas do teatro, quarenta e uma metáforas da esperança, trinta e cinco metáforas da justiça, dezoito metáforas da impotência, doze metáforas da saúde, quatro metáforas do tempo, quatro metáforas da piedade, três metáforas da quantidade, três metáforas da superação, uma metáfora da expectativa, uma metáfora da indiferença e uma metáfora do conformismo. O que nos traz uma proporção aproximada de 25% do uso das metáforas da guerra, a metáfora mais aplicada nessa análise total e 17,5% do uso das metáforas da artimanha, outra metáfora que sobressaiu muito nessa análise.
Serviço de Comunicação Social: Quais os mais importantes?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Conforme acreditamos no início do trabalho, a variação metafórica dos diferentes jornais varia de acordo com o modo como se constrói a escrita de cada imprensa jornalística em cada editorial dos diferentes contextos. Nesse mesmo âmbito, conforme acreditamos, há uma argumentação em comum, construída com uma infinidade de combinações metafóricas, utilizadas pelos periódicos em seus editoriais.
Serviço de Comunicação Social: Quais foram inesperados?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Podemos afirmar que conforme apresentamos na introdução, as características do gênero editorial de jornal, foram devidamente encontradas e discutidas no decorres de nossa análise, mas não podemos afirmar que encontramos características identitárias das diferentes construções linguísticas nas diferentes imprensas jornalísticas selecionadas, encontramos sim, algumas características especiais dos usos metafóricos, ligados as finalidades de cada uma das empresa jornalísticas.
Serviço de Comunicação Social: Que conclusões você tirou da pesquisa?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Percebemos, então, a aplicação do metafórico para com o literal como um artifício realizado pelo orador/editorialista do editorial, para de certa maneira causar diferentes efeitos de sentido em seu auditório/leitor.
Serviço de Comunicação Social: Que importância tem essa pesquisa?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Em verdade, salientar a perspectiva argumentativa de qualquer texto – principalmente do editorial, gênero que objetiva, em primeiro plano, convencer e persuadir – é tarefa útil e necessária, sobretudo numa pesquisa de ordem acadêmica.
Serviço de Comunicação Social: A quem interessa esse estudo?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: O público foco desta pesquisa pode-se definir por estudiosos da linha retórica e argumentação, além de alguns estudiosos da vertente midiática, que buscam maior abrangência e conhecimento nesse tema.
Serviço de Cominicação Social: Quem será beneficiado?
Daniela Lasso de La Vega Pereira: Acredita-se que essa pesquisa será de grande contribuição para nossa área acadêmica. Tendo em vista o grandedestaque da expressividade metafórica aplicada como objeto de persuasão implícita em textos de nosso cotidiano.
Serviço de Comunicação Social: Como o estudo vai afetar nossas vidas?
O estudo provou que o uso das diferentes metáforas podem ser encontradas até mesmo em textos escritos na norma culta da Língua Portuguesa, o que reforça a constante mudança usual da Língua e seus usos.