José de Souza Martins é homenageado como Personalidade Acadêmica

O Professor Emérito da FFLCH é reconhecido pela sua trajetória na sociologia contemporânea pelo Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

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Redação
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O professor da USP José de Souza Martins é um dos mais importantes sociólogos da atualidade – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O professor da USP José de Souza Martins é um dos mais importantes sociólogos da atualidade – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“Anunciamos, com muito orgulho, o professor José de Souza Martins como Personalidade Acadêmica no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025”, comunicou em nota Sevani Mattos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pela premiação. “Sem dúvida, ele é um dos grandes nomes da sociologia contemporânea, com reconhecimento nacional e internacional, e cuja obra tem contribuído profundamente para a especificação das características sociais do nosso tempo.”

José de Souza Martins, Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e articulista do Jornal da USP, recebe a homenagem  como Personalidade Acadêmica de 2025 na segunda edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, com cerimônia marcada para agosto. O anúncio ocorreu na manhã da última segunda-feira (23).

“O Prêmio Jabuti Acadêmico valoriza contribuições significativas para o conhecimento e para a sociedade, e agraciar José de Souza Martins é um reconhecimento justo para quem tanto se dedicou e contribuiu para estudar a sociedade contemporânea brasileira”, ressalta Marcelo Knobel, curador do Prêmio Jabuti Acadêmico.

Nascido em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, Martins estudou Ciências Sociais na USP, onde também fez mestrado e doutorado. É professor aposentado do Departamento de Sociologia da USP e, em 2008, recebeu o título de Professor Emérito. Deu aulas na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, e na Universidade de Lisboa, em Portugal. Na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, foi professor na Cátedra Simón Bolívar(1993-1994). Durante 12 anos, atuou como representante das Américas na Junta de Curadores do Fundo Voluntário da ONU contra as Formas Contemporâneas de Escravidão (Genebra, 1996-2007).

Em 2002 coordenou voluntariamente uma comissão da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça que elaborou o Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e Escravo. Atuou no Conselho Superior da Fapesp (2007-2019) e Pesquisador Emérito do CNPq. Martins integra a Academia Paulista de Letras. É autor de 41 livros como O Cativeiro da Terra, A Chegada do Estranho, A Sociabilidade do Homem Simples, A Aparição do Demônio na Fábrica, As Duas Mortes de Francisca Júlia, A Chegada do Estranho, Sociologia do Desconhecimento, Capitalismo e Escravidão na Sociedade Pós-Escravista, entre outros.

“Foi um susto receber um telefonema da presidente da Câmara Brasileira do Livro que me informava ter sido eu eleito Personalidade Acadêmica 2025”

Apesar de todo o mérito, o professor José de Souza Martins não esperava o reconhecimento. “Foi um susto receber um telefonema da presidente da Câmara Brasileira do Livro que me informava ter sido eu eleito Personalidade Acadêmica 2025 do Prêmio Jabuti Acadêmico.” E justifica: “Susto porque inesperado. Não sou do tipo de autor que busca reconhecimento e aplauso. Nunca estou à espera de que seja eu o escolhido de determinada deferência, prêmio ou escolha. Não sei lidar com isso”.

Para saber como é recebida a sua obra, o professor conta que consulta o Índice Internacional de Citações em Ciências Sociais e em Ciências Humanas. “Nas ciências você sabe quanto vale o seu trabalho no apreço confirmado e documentado desses índices. Eles computam e mencionam em detalhe quem leu e citou um de seus artigos ou livro. Se você não está citado, você não existe.” O sociólogo explica que leva em conta dois índices: “O índice h, que quantifica quantas vezes uma sua obra recebeu ao menos uma citação. Ou, mais importante, quais de seus trabalhos tiveram pelo menos dez citações, o índice i10: 23 citações já indica que aquele pesquisador é autor de obra que merece ser lida e citada. Sem ela como referência sobre determinado tema é sinal de insuficiência de quem deixa de citar. Meus índices, neste momento, descontadas minhas próprias citações, são, respectivamente: h = 57; i10 = 128”.

O professor afirma que nos meios que frequenta, a premiação da CBL repercutiu corretamente como reconhecimento da competência dos seus grupos de referência e de sua  profissão, a Sociologia. “Numa sociedade esfacelada pelo egoísmo, pela competição mórbida e pela solidão, o que também ocorre na Universidade,  não estou sozinho no mundo, não sou obra de mim mesmo. Foi um alívio saber disso.”

Segundo o sociólogo, “o Prêmio Jabuti Acadêmico, em boa hora, separou autores de obras propriamente literárias dos de obras científicas”. Ressalta: “Recebi em  minha vida três Prêmios Jabuti de Ciências Humanas, o de 1994 pelo livro A Chegada do Estranho, classificado como o melhor livro da categoria naquele ano, o primeiro de meus livros com os resultados da extensa e demorada pesquisa sociológica que fiz, durante anos, sobre tensões e conflitos na Amazônia”. Ele lembra ainda que, “antes da divisão do Prêmio em duas categorias, foi finalista do Prêmio em várias ocasiões, do tipo, ‘indicado para o Oscar em 1900 e tanto’. Só indicado”. E destaca: “Agora, os autores da área científica podem concorrer ao Prêmio Jabuti sem o risco de serem indevidamente definidos como irrelevantes no confronto com as literariamente imbatíveis obras propriamente literárias”.

Personalidade Acadêmica no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, o professor José de Souza Martins completa: “Estou feliz com minha escolha e com o fato de que a escolha tenha recaído sobre um autor da USP”. 

Texto original de Leila Kiyomura para o Jornal da USP: José de Souza Martins é homenageado como Personalidade Acadêmica – Jornal da USP