Livro mostra experiências e trajetórias de africanas e crioulas

O obra aborda a submissão de corpos e ventres, autonomia sexual, gravidez, parto, amamentação no cotidiano das senzalas

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

Lançamento do livro "Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas"

Está sendo lançado pela Editora Unifesp o livro Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas, maternidade e escravidão no Rio de Janeiro (1830-1888) (Editora Unifesp, 368 páginas), de Lorena Féres da Silva Telles, doutora e mestre em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

A autora investiga as experiências e trajetórias de vida de mulheres africanas e crioulas escravizadas que viveram a gravidez, o parto e a amamentação das crianças senhoriais e de seus próprios filhos na cidade do Rio de Janeiro, durante o século 19. O período situado entre 1830 e 1888 encerrou um amplo processo de transformações das relações escravistas, abrangendo a disseminação da posse de escravizados na cidade até 1850, quando cessou definitivamente o tráfico com a África. A continuidade do regime passou a depender da escravização das filhas e filhos crioulos das mulheres cativas até a promulgação da Lei do Ventre Livre em 1871, que conservou os interesses senhoriais sobre as escravizadas e sobre a força de trabalho de seus filhos, chamados de ingênuos. 

Integrando-as ao complexo quadro da escravidão urbana e ao processo de mudanças das relações escravistas e de sua superação, esta tese se debruça sobre as vivências das africanas e crioulas com relação à autonomia sexual, à gravidez e aos partos, bem como sobre as práticas de amamentação e cuidado de seus bebês e crianças pequenas escravas, libertas e ingênuas. 

Procuramos compreender as visões de mundo, as sociabilidades e as estratégias mobilizadas por estas mulheres diante das dificuldades e restrições que o convívio próximo com seus senhores, seus projetos e suas demandas de trabalho destacadamente a ocupação de ama de leite impuseram ao cotidiano da gestação e do parto, e ao cuidado e sobrevivência de seus bebês. Recuperamos suas vivências integrando-as ao mundo social dos livres, cativos e libertos, africanos e descendentes, em laços de parentesco e amizade que constituíram redes de amparo fundamentais para mulheres que viveram a maternidade em embates permanentes com seus senhores e seus interesses.

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O lançamento do livro Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas, maternidade e escravidão no Rio de Janeiro (1830-1888), ocorrerá neste domingo, 7 de maio, entre 15 e 18 horas, na Livraria Martins Fontes, Av. Paulista, nº 509, São Paulo.
A autora Lorena Féres da Silva Telles é pós doutoranda no Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), doutora e mestre em História Social pela FFLCH.

 kk

O livro pode ser adquirido no site da Editora Unifesp.

Com informações da Editora Unifesp