A linguística africana e suas relações com a cultura brasileira serão debatidas na série de palestras com professora homenageada Margarida Petter
A carreira da professora Margarida Petter, pioneira em estudos de linguística africana na USP e no Brasil será tema de homenagem entre 21 e 23 de novembro no evento internacional The Africa-Brazil continuum: Lectures in honor of Margarida Petter.
A docente estabeleceu a área de Linguística Africana na USP e foi uma das pioneiras, no Brasil, da descrição de línguas da África e do impacto que elas tiveram na formação do português brasileiro.
Além de palestras com professores do Departamento de Linguística da FFLCH, foram convidados três professores estrangeiros, que vão ministrar conferências no evento. O encerramento será com uma palestra da professora Margarida Petter
Pioneirismo
A professora Margarida apresentou em 1992 a primeira tese de doutoramento sobre uma língua africana no Brasil, intitulada “A construção do significado de fàni, pano e vestuário, em diúla”.
Em 1994, nascia na FFLCH o primeiro curso de pós-graduação no Brasil sobre tipologia das línguas negro-africanas. E, em 1998, foram dois semestres na graduação da disciplina “Língua não-indo-europeia”, apresentando a gramática de uma variedade de línguas africanas.
A estrutura propiciou uma base para a defesa doutorados e mestrados, muitos orientados pela professora Margarida, além de cooperação internacional com instituições estrangeiras na Europa e continente africano.
A linguística africana no Brasil
Evani Viotti, professora do Departamento de Linguística da FFLCH USP, explica que atualmente há vários polos de estudos de línguas africanas Brasil afora, a maioria ainda em desenvolvimento. “A Universidade Federal da Bahia é um dos que tem destaque nessa área”.
A linguística também serve como uma ponte cultural entre Brasil e África. Viotti reforça essa ligação: “os estudos de descrição e análise das línguas africanas que foram transplantadas para o Brasil e que, hoje sabemos sem sombra de dúvida, impactaram a formação da gramática e do léxico do português brasileiro valoriza nossa história compartilhada com a África e nossas proximidades culturais”.
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O evento é gratuito, sem inscrições e acontecerá entre os dias 21 e 23 de novembro, na sala 14 do Prédio de Filosofia e Ciências Sociais da FFLCH USP, Av. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária - São Paulo. Confira abaixo a programação:
Quarta-feira, 21 de novembro
- 13h30 – 14h – Abertura – Profa. Maria Arminda do Nascimento Arruda, Diretora, FFLCH USP
- 14h – 14h45 – African Linguistics at USP: the role of Margarida Petter – Prof. José Luiz Fiorin
- 14h45 – 15h30 – Margarida Petter’s contribution to the Center of African Studies (CEA) – Profa. Tania Macêdo, director do CEA
- 15h30 – 16h – Intervalo
- 4:00-6:00pm – Why has Brazil not developed a creole. – Prof. Salikoko S. Mufwne, University of Chicago
Quinta-feira, 22 de novembro
- 08:00 – 10:00 – Eurafrican interactions based on Kust-Portuguese – Prof. Konstanze Jungbluth, Europa-Universität Viadrina Frankfurt (Oder)
- 10:00 – 10:30 - Intervalo
- 10:30 – 12:00 – Plans for the future – Prof. Alexander Cobbinah, Departamento de Linguística, FFLCH USP
- 12:00 – 14:00 – Almoço
- 14:00 – 16:00 – Aja-Tado, Mina-Jeje, Dahomey: A linguistic trail - Part 1, Prof. Enoch O. Aboh, Universiteit van Amsterdam
Sexta-feira, 23 de novembro
- 08:00 – 10:00 – Aja-Tado, Mina-Jeje, Dahomey: A linguistic trail - Part 2, Prof. Enoch O. Aboh, Universiteit van Amsterdam
- 10:00 – 10:30 – Intervalo
- 10:30 – 12:30 – Língua de Preto in early modern times: Usage and accommodation in dialogue, Prof. Konstanze Jungbluth, Europa-Universität Viadrina Frankfurt (Oder)
- 12:30 – 14:30 - Almoço
- 14:30 – 16:30 – The (potential) contribution of genetic creolistics to evolutionary linguistics, Prof. Salikoko S. Mufwne, University of Chicago
- 16:30 – 17:00 – Intervalo
- 17:00 – 18:00 – African linguistics in Brazil, Profa. Margarida M.T. Petter, Departamento de Linguística, FFLCH USP