UNEafro realiza aulão na FFLCH e homenageia vencedores do Prêmio Marielle Franco 2025

Cursinho popular promoveu aula sobre racismo ambiental e incentivou estudantes a ingressarem na universidade pública

Por
Rafael Dourador
Data de Publicação
Editoria

Apresentadores do UNEafro
(Foto: Reprodução / Youtube)

Na tarde de sábado, 14 de junho, o cursinho popular UNEafro Brasil realizou uma aula magna para estudantes do ensino médio, no hall de entrada do prédio de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Reunindo membros dos núcleos e professores do cursinho, o evento também contou com a premiação de entusiastas da causa negra e periférica no país.

O tema do aulão foi Do colonialismo à crise Climática global: a resistência transnacional negra, quilombola e indígena. A palestra começou com incentivos à reflexão dos alunos em assuntos como acesso à universidade pública, defesa do direito dos professores, debates sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e racismo ambiental. Além disso, alguns membros do UNEafro se apresentaram à audiência e encorajaram a busca pela formação superior e o engajamento na iniciativa do cursinho.

Na ocasião, também houve a entrega do Prêmio Marielle Franco para três referências na luta contra o racismo e pela inclusão social. A primeira delas foi Ana Nice Martins, formada em história pela Fundação de Santo André com especialização em economia do trabalho e sindicalismo pela Unicamp. Foi eleita representante dos trabalhadores em 2002 e compôs o comitê sindical da empresa no sindicato dos metalúrgicos do ABC, onde passou a integrar a diretoria executiva em 2011. Em 2016, foi a primeira mulher negra eleita vereadora da cidade de São Bernardo do Campo, onde atua até hoje.

A segunda premiada foi Maíra Rodrigues da Silva, bióloga e doutoranda no programa de geociências IG Unicamp na área de política e gestão de recursos naturais. Quilombola de Ivaporunduva, hoje ela é coordenadora da área de combate ao racismo ambiental do Instituto de Referência Negra Peregum e assessora da equipe de articulação e assessorias às comunidades negras do Vale do Ribeira.

Discursando na aula magna sobre racismo ambiental, Maíra criticou as visões eurocêntricas sobre os antepassados africanos e a atuação falha do Estado na garantia de direitos constitucionais ao ambiente ecologicamente equilibrado. “Toda referência que temos dessa época [colonial] está muito baseada na ideia do escravo. Mas nós não somos descendentes de escravos, somos descendentes de pessoas que tinham ciência, tecnologia, educação, que inclusive foram importantes para o continente europeu”, afirmou em sua apresentação.

José Adão de Oliveira, co-fundador do Movimento Negro Unificado (MNU) e especialista em imigração africana pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) foi o terceiro premiado. Referência na promoção de igualdade racial e direitos humanos, José contou um pouco sobre sua trajetória e destacou o brilhantismo de obras como Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus.

Outros grupos e coletivos também foram lembrados durante o evento, que se encerrou com uma apresentação baseada na cultura de povos indígenas do Brasil, proposta pelo Cacique Alex, do Povo Kaimbé do estado de São Paulo.