Curso na FFLCH discutirá sobre um dos diálogos mais importantes de Platão

O professor e platonista Gabriele Cornelli realizará 3 dias de aula na Faculdade para falar sobre a tradução da obra

Por
Isadora Batista
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Fédon de Platão
Arte: Isadora Batista / Serviço de Comunicação Social 

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP realizarão o curso “O Fédon de Platão: corpo, alma e ideias” nos dias 5, 6 e 7 de agosto, de 15 a 18 horas, na sala 14 do prédio de Filosofia e Ciências Sociais.

Ministrado por Gabriele Cornelli, professor da Universidade de Brasília (UnB), o curso seguirá o próximo lançamento da mais recente tradução do diálogo, pela coleção Clássicos da Penguin da Companhia das Letras: Platão. Fédon ou Sobre a Alma. Introdução, tradução e notas de Gabriele Cornelli. “Uma tradução ao mesmo tempo rigorosa, que leva em conta séculos de estudos platônicos, e acessível, com uma fluência para leitores não versados em filosofia”, explica.

“Não é que o Fédon nunca tenha sido traduzido para o português, mas é sempre importante, e isso ocorre nos demais países e em universidades de classe mundial, a retradução de textos à luz de outras traduções que já foram feitas. E, nesse sentido, a obra Fédon, traduzida hoje pelo professor Gabriele Corneli, traz à luz novas possibilidades de compreensão a respeito dessa obra. E me parece que esse conhecimento, que desperta a alma humana nos estudos clássicos, é fundamental, pois ela remete à instância mais interior do ser humano”, explica Paulo Martins, professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV) da FFLCH.

Fédon de Platão

Um dos diálogos mais importantes de Platão, Fédon aborda a morte de Sócrates abrangendo temas éticos, políticos, metafísicos e de teoria do conhecimento. Em seus últimos momentos de vida, Sócrates inicia uma discussão com seus amigos sobre a vida após a morte, ele busca provar que a morte não é o fim para um ser humano e que um filósofo não deve temer ela.

De acordo com Gabriele Cornelli, a obra não somente discute a morte, mas também representa ela. “O corpo de Sócrates que morre embaralha o discurso filosófico. A lógica dos argumentos esmaece, por vezes, na frente do desejo de persuadir e consolar os amigos. Premissas indemonstradas sustentam com dificuldade provas circulares. Os mitos vêm em socorro à fragilidade das provas e exorcizam o medo infantil que habita em cada um. Suas imagens, sua poesia, renovam a esperança de que haverá justiça no além, de que há uma continuidade entre este mundo e aquele, entre esta vida e a outra vida, depois da morte”. 

Platonista reconhecido internacionalmente, Cornelli afirma: “Platão inventou a filosofia, e a inventou como diálogo, ou melhor, como memória de uma prática pública, de diálogo, que o mestre dele, Sócrates, teria efetivamente inaugurado. Esta filosofia, algo que foge de uma autoproclamação de ideias e se joga na praça pública e debate o que importa (felicidade, justiça, linguagem, etc) é certamente o que me atraiu para os estudos de Platão”.

Quem pode participar? 

O curso é aberto ao público interessado. As inscrições podem ser realizadas aqui

Programa do curso:

5 de agosto: Viver e morrer na filosofia

6 de agosto: Para uma história da alma

7 de agosto: Anamnese e ideias

O Curso é também promovido por:
ABCD/USP - Agência de Bibliotecas e Coleções Digitais - USP
Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas - USP
Programa de Pós-Graduação em Filosofia- USP
LaTTim - Laboratório de Tradução de Textos e Imagens - USP
Grupo de pesquisa: Democracia: discursos gregos, desafios atuais - USP